Lisboa está a tornar-se um pesadelo para quem tem carro. E o mais revoltante é que mesmo quem cumpre as regras está a ser multado. Nos últimos meses, multiplicam-se os casos de condutores autuados ou até viram o carro bloqueado pela EMEL em zonas com sinalização confusa, supostamente “exclusivas a residentes”. O resultado? Uma cidade em que ninguém sabe exatamente onde pode estacionar sem ser surpreendido por uma multa. De facto estas multas da EMEL estão a deixar os lisboetas loucos.
Quando as placas dizem uma coisa e os fiscais dizem outra
Um dos casos mais recentes ocorreu no dia 30 de setembro. Uma condutora estacionou num lugar com o sinal “proibido estacionar excepto cargas e descargas”. Estava em serviço, retirava equipamento da viatura e tinha provas fotográficas.
Mesmo assim, recebeu uma multa por “estacionamento em zona exclusiva a residentes”. Ou seja, o sinal dizia uma coisa, mas o sistema da EMEL dizia outra. E, como é habitual, quem paga é o cidadão.
“Enviei as fotos, expliquei que estava a trabalhar e nada. A resposta foi automática: multa válida.”
Outro caso: o bloqueio absurdo em Roma-Areeiro
No dia 22 de setembro, um técnico das Infraestruturas de Portugal estacionou junto à estação de Roma-Areeiro para resolver um problema nas telecomunicações ferroviárias.
Pagou o estacionamento no parquímetro como qualquer cidadão cumpridor.
Minutos depois, chega o bloqueio da EMEL.
O motivo? “Zona exclusiva a residentes com dístico.” Mas na prática, a rua tinha sinalização ambígua: de um lado, estacionamento público pago; do outro, residentes.
O resultado: um carro oficial, em trabalho, bloqueado; um profissional impedido de intervir em caso de emergência; e um agente que, segundo o relato, não quis sequer ouvir a explicação.
“Mostrei o bilhete, expliquei que era serviço público. Disseram apenas: ‘Já está bloqueado, tem de pagar.’”
As zonas de residentes estão a confundir até quem vive em Lisboa
A EMEL tem expandido as zonas de residentes de forma acelerada, muitas vezes sem marcações visíveis nem sinalização clara. Há ruas com placas diferentes de cada lado, e outras em que a sinalização simplesmente não existe.
Para o cidadão comum, é impossível saber onde termina uma zona e começa outra.
Mas para a EMEL, qualquer erro custa entre 30€ e 120€ ou o bloqueio imediato do carro.
Lisboa está a pagar… para viver em Lisboa
Entretanto o que mais irrita os lisboetas é o sentimento de injustiça. Pagam impostos, pagam estacionamento, e mesmo assim recebem um tratamento como infratores dentro da própria cidade.
A promessa inicial das zonas de residentes era simples: garantir lugares para quem mora.
Mas o que era uma boa ideia transformou-se num labirinto de multas, dísticos e confusões.
“Um bairro com 100 dísticos para 30 lugares não resolve nada. Assim só cria guerra entre vizinhos.” E enquanto os residentes lutam por espaço, os trabalhadores que entram na cidade veem-se sem alternativa real. Estacionar em Lisboa tornou-se uma roleta russa diária.
O problema é mais do que estacionamento
Não se trata apenas de estacionar, trata-se de como Lisboa se está a gerir. As novas políticas da EMEL estão a ser implementadas mais depressa do que comunicadas, e isso cria um ambiente de frustração e medo.
Ninguém quer fugir às regras. As pessoas querem apenas saber claramente onde podem ou não estacionar. No fim de contas… a EMEL foi criada para organizar, mas muitos sentem que hoje está a castigar quem tenta cumprir. Multas automáticas, zonas mal sinalizadas e fiscais que seguem “ordens do sistema” estão a deixar Lisboa à beira de um ataque de nervos.
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