Ainda existem muitas dúvidas à volta dos carros elétricos, e como tal, muitos consumidores continuam a aguardar um qualquer salto tecnológica que de facto seja capaz de fazer a diferença.
Mas… O próximo salto tecnológico nos carros elétricos pode não vir de carregamentos ultra-rápidos nem de software milagroso. Pode vir da própria estrutura do carro.
Ou seja, uma nova bateria estrutural promete cortar drasticamente o peso dos veículos, o que por sua vez poderá melhorar a autonomia e assim mudar por completo a forma como os EVs são desenhados e produzidos.
Uma bateria que é também a carroçaria?
Até agora, as baterias de lítio são obviamente potentes, e estão cada vez melhores, porém são também volumosas e pesadas. Ou seja, ocupam demasiado espaço e obrigam a soluções complicadas para encaixá-las no chassis. Mas e se a própria carroçaria do carro funcionasse como bateria?
É isso que investigadores da Chalmers University of Technology, na Suécia, estão a desenvolver: baterias estruturais que acumulam energia e ao mesmo tempo dão forma e rigidez ao veículo.
Neste conceito, materiais como fibra de carbono passam a ter dupla função: são leves, resistentes e, neste caso, também armazenam eletricidade. O impacto disto é enorme! Afinal, só a substituição de componentes tradicionais por estas baterias pode reduzir o peso do carro em até 20%.
Menos peso = mais autonomia!
Com menos peso, as marcas podem fazer duas coisas: ou instalam motores mais pequenos e económicos, ou mantêm o conjunto e oferecem mais autonomia. Estima-se que, em alguns casos, o alcance de um EV pode aumentar até 70%.
Aliás, nem falamos só de automóveis. A mesma tecnologia pode ser aplicada na aviação, em drones, em barcos ou até em gadgets ultra-leves.
As baterias usam fibra de carbono revestida com fosfato de ferro e lítio (LFP), unida por materiais avançados como óxido de grafeno reduzido, o que melhora a performance e durabilidade. Os primeiros protótipos já conseguem atingir densidades energéticas de 42 Wh/kg, com rigidez semelhante ao alumínio, o que os torna viáveis para aplicações reais.
Ainda não está pronto? Não! Mas está perto.
Há desafios, claro. O principal é aumentar a tensão de saída e trocar os eletrólitos líquidos por versões em estado sólido, mais seguras. Mas o progresso tem sido rápido. A startup sueca Sinonus AB está já a trabalhar na comercialização destas baterias, começando por eletrónica leve, antes de escalar para a indústria automóvel e aeroespacial.
Ou seja, os carros elétricos do futuro podem ser literalmente feitos de bateria. Menos peso, mais autonomia, melhor eficiência. Vai ser transformador!