Ainda se recordam de Nosy, um dos jogos mais aterradores dos últimos anos, senão de sempre? Aquando do seu lançamento, em Setembro de 2020, jogámo-lo intensamente (às escuras, como é de bom tom), e confirmámos que era de facto perturbador.
Nosy 128K – Um dos jogos mais aterradores dos últimos anos
A sua mecânica inovadora, nomeadamente com a passagem para a dimensão alternativa (Inferno) através de uma simples tecla, criava um efeito brutal e assustador, levando-nos a contar os segundos (seis) que levava até voltarmos à dimensão “terrena”. Bem, “terrena” não é a palavra certa, pois todo o ambiente de jogo era fantasmagórico e sinistro, pouco aconselhável aos mais impressionáveis.
Depois, a história de Nosy estava muito bem contada e o jogo com uma implementação exemplar.
Apenas pecava por ser curto e relativamente fácil, pelo que o terminámos rapidamente, ansiando por mais um arrepiozinho na espinha. Pois esse arrepiozinho chega agora, com a versão 128K, que mais que duplica a extensão do jogo, e com a inclusão de material adicional de grande qualidade, como seja o “Nosy Notebook”.
Este bloco de notas, com umas impressionantes 39 páginas, todas magnificamente ilustradas, é o guia fundamental para se conseguir avançar na aventura sem grandes sobressaltos. Eu disse sobressaltos? Pois, menti… Sobressaltos é aquilo que irá haver mais a quem se atrever a carregar o jogo.
Desde o início que andamos com o coração nas mãos. Assim que o jogo carrega, imediatamente temos que dar corda aos sapatos, pois dois demónios correm em nossa perseguição. Existem três saídas, mas duas estão bloqueadas, pelo que é fácil de encontrar a correcta. A partir daí, o melhor é rezarem juntamente com a irmã de Nosy, Clementine, uma alma atormentada mas que dá bons conselhos. Não sabem o que fazer? O “Nosy Notebook” está ai à mão…
Relativamente à versão 48K, os extras são imensos.
Desde logo as magníficas ilustrações que acompanham o desenrolar da aventura e que vão dando o mote para as maldades com que nos vamos deparando. Sim, o mal paira no ar, e as imagens que Javier Fopiani criou ingame são do melhor (e mais sinistro… e mais assustador…) que já se viu no ZX Spectrum. São agora 25, qual delas a melhor.
A música, tal como todo o ambiente criado à volta do jogo, é assustadoramente boa. Existem oito novas melodias, 16, se considerarmos as versões orquestradas. E os efeitos sonoros são de arrepiar… Nota adicional: para máximo efeito aquando da voz sintetizada, escolher no emulador o modo +2A ou +3.
Mas o mais importante é que o jogo tem agora quatro fases, sendo que apenas a terceira fase já existia (corresponde à versão 48K do jogo). Ou seja, temos três novas fases, e se a primeira é pequena, apenas criando o ambiente para a restante aventura, a segunda está recheada de enigmas e quase que por si só fazia um jogo. Quanto à quarta e última fase, é o culminar da aventura e tem uma mecânica um pouco diferente e com surpresas pelo meio. Esta fase, se jogada até ao fim, permite aceder a um dos finais. No entanto, se optarmos por não o fazer e terminarmos como fazíamos com a versão 48K, também é possível acabar o jogo, surgindo um outro final um pouco mais “coxo”.
De realçar ainda as quatro fases serem bastante distintas entre si, criando uma diversidade que agarra o jogador até ao fim. Não são excessivamente difíceis, antes pelo contrário, a partir do momento em que o enigma é resolvido ou percebemos a forma de ultrapassar o obstáculo, o caminho torna-se bastante fácil. É um jogo assustador, mas de forma alguma frustrante.
Apresenta ainda algumas curiosidades…
Assim, quem for até às campas, vai encontrar uma curiosas inscrição. Os gémeos chamam-se Mo e Jon (derivado dos Mojon Twins). Aliás, existem vários anagramas durante o jogo, serão capazes de descobrir todos? E que dizer do menu inicial que, quando se escolhe a opção de controlo, a letras do teclado são invertidas? É assim uma aventura recheada de enigmas, que não se esgotam no próprio jogo…
Como sabem, também não voltamos a classificar os jogos quando existe uma versão melhorada do mesmo. É uma regra que seguimos desde o início, para evitar ter várias notas para um dado jogo e criar confusão. No entanto, não podemos deixar de dizer que se fôssemos hoje classificar esta nova versão de Nosy, seria seguramente um Mega Jogo (nota 9).
Para obterem esta nova versão de Nosy, poderão aqui vir descarregá-la e dar uma pequena contribuição ao seu autor, mais que justo tendo em conta todo o trabalho que despendeu para nos presentear com esta maravilha…