Pode parecer absurdo, mas a ciência está a começar a provar algo surpreendente: o nome que lhe deram à nascença pode estar a mudar a sua cara. Segundo um estudo recente, o simples facto de se chamar João, Inês, Miguel ou Sofia pode, ao longo do tempo, influenciar a forma como o seu rosto se desenvolve. E não estamos a falar de coincidências ou superstições mas sim de dados concretos analisados com inteligência artificial e testes de perceção humana.
Chamar-se João, Inês, Sofia e não só pode mudar a sua cara
O estudo mostrou que adultos conseguem associar rostos a nomes com uma taxa de sucesso superior ao que seria esperado por mero acaso. Já com crianças, essa correspondência desaparece completamente. Isto revela algo fascinante: esta ligação entre nome e aparência não nasce connosco, mas vai-se formando com o tempo.
A explicação? O nome transporta consigo um conjunto de expectativas sociais e culturais que podem, inconscientemente, moldar o comportamento e até a fisionomia — de uma pessoa.
É como uma profecia que se cumpre sozinha
A ideia de que nos vamos ajustando ao que esperam de nós tem um nome: profecia autorrealizável. E este estudo mostra como isso pode ir muito além da atitude ou do estilo. A pressão invisível da sociedade pode, pouco a pouco, alterar a forma como sorrimos, como usamos o cabelo ou como expressamos emoções. E tudo isso molda o rosto que vemos ao espelho.
A tecnologia confirma: quem tem o mesmo nome, tem traços em comum
Os investigadores também usaram algoritmos de machine learning. Resultado? Adultos com o mesmo nome tendem a ter mais semelhanças faciais entre si do que com pessoas com nomes diferentes. Já entre crianças, nada disso acontece.
Até quando usaram software para “envelhecer” artificialmente fotos de crianças, os resultados foram claros: só os rostos reais de adultos mostravam esse efeito nome-aparência.
O nome como espelho da sociedade
Entretanto este fenómeno levanta perguntas profundas. Até que ponto a nossa identidade se molda por nós… ou pelos outros? E se até o nosso rosto pode ser influenciado por um simples nome, o que mais estará a ser moldado sem darmos por isso?
A investigadora Ruth Mayo, responsável pelo estudo, acredita que esta descoberta é apenas o começo de uma nova forma de entender a ligação entre nome, identidade e influência social.
Segundo ela, são necessários mais estudos. Mas uma coisa parece certa: a forma como nos veem e como nos vemos pode estar escrita no nosso nome.