Estás no restaurante em plena hora de almoço, clientes a entrar, pedidos a sair da cozinha e, de repente, o telefone toca. Do outro lado da linha, uma voz firme apresenta-se como inspetor da ASAE. Fala rápido, usa termos técnicos e avisa logo: há irregularidades graves no teu espaço e uma multa pesada pode estar a caminho. A tensão cresce quando ele insinua que até o fecho imediato do estabelecimento pode estar em cima da mesa. No meio do stress, acreditas que estás perante uma inspeção real. Mas não passa de um esquema bem montado. Estes telefonemas não vêm da ASAE. Assim são burlões a ligar para restaurantes e a tentar sacar dinheiro.
Como os burlões montam a armadilha
Os relatos de comerciantes são quase sempre semelhantes. O burlão fala com confiança, identifica-se com nome e cargo inventados e pode até citar leis e regulamentos para soar convincente. O objetivo é um só: meter medo.
A estratégia passa por três fases:
Criação do pânico: falam em coimas altíssimas ou no encerramento do espaço.
Pressão do tempo: dizem que a inspeção vai acontecer de imediato ou que há pouco tempo para resolver.
Pedido de dinheiro: pedem uma transferência bancária ou um pagamento através de referência multibanco, supostamente para “regularizar” a situação.
O dono do restaurante, apanhado de surpresa, muitas vezes sem tempo para pensar, pode cair na armadilha e pagar. Até porque na realidade o pagamento é para uma entidade e referência.
Porque é que a burla resulta?
Porque a ASAE impõe respeito. Basta ouvir o nome para muitos empresários pensarem em multas pesadas, inspeções rigorosas e problemas legais. Num ambiente de restauração, onde o ritmo é acelerado e o stress já é alto, a última coisa que um dono de café ou restaurante quer é lidar com processos ou fiscalizações inesperadas.
Os burlões sabem disso e exploram esse medo para criar pressão psicológica.
O que a ASAE realmente faz
É essencial deixar isto claro:
A ASAE não pede dinheiro por telefone.
Todas as inspeções são feitas presencialmente e por inspetores devidamente identificados.
As coimas, quando existem, são formalizadas através de processos legais e nunca resolvidas com uma chamada ou uma transferência apressada.
Ou seja: se alguém te ligar a dizer que é da ASAE e pedir dinheiro, é burla, sem margem para dúvidas.
Casos relatados
Já surgiram vários relatos em grupos de empresários da restauração e até em associações de comerciantes. Alguns contam que os burlões ligam repetidamente, escolhendo horários de maior movimento para aumentar a probabilidade de apanharem os donos desprevenidos. Em certos casos, chegaram mesmo a mencionar o nome do restaurante, o que mostra que fazem alguma pesquisa prévia para soar mais credível.
Como deves reagir
Se receberes este tipo de chamada, mantém a calma. Respira fundo e lembra-te do seguinte:
- Não forneças qualquer dado do teu restaurante.
- Nunca faças transferências ou pagamentos sob pressão.
- Anota o número de quem ligou e, se possível, grava a chamada.
- Contacta de imediato a Polícia Judiciária e a própria ASAE para reportar a tentativa de burla.
Entretanto quanto mais casos forem denunciados, maior a probabilidade de as autoridades identificarem e travarem estes esquemas.
Mais uma vez, os burlões mostram criatividade em explorar o medo das pessoas. Desta vez, o alvo são os donos de restaurantes e cafés, aproveitando o nome e a autoridade da ASAE para criar uma falsa sensação de urgência. Agora já sabes: a ASAE não pede dinheiro por telefone, não resolve coimas com transferências e não ameaça encerrar estabelecimentos por chamadas anónimas. Se receberes uma destas ligações, desconfia de imediato, não cedas à pressão e denuncia.
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