Durante anos, roubar um carro era quase sempre o mesmo filme: vidro partido, ligação direta, chave manhosa e siga. Mas essa era está a acabar e não é porque, de repente, os ladrões ganharam juízo. É porque os carros ficaram muito mais difíceis de roubar… e os criminosos decidiram ficar ainda mais tecnológicos. Em muitos países o número de veículos roubados caiu a pique. De facto trata-se da maior quebra em quatro décadas, graças a sistemas anti-roubo mais avançados. Mas com a porta “velha guarda” a fechar, abriu-se uma nova: tablets e antenas que caçam o sinal da tua chave à distância. E se achas que isto é só coisa de séries americanas, prepara-te: o cenário em Portugal está a ficar cada vez mais parecido. Mas a que recorrem agora os ladrões de carros?
O novo brinquedo dos ladrões de carros: o “tablet do serralheiro”
Na Califórnia, a polícia de Anaheim já está a alertar os moradores: grupos organizados andam a roubar carros diretamente das entradas das casas usando tablets próprios para serralheiros.
Estes dispositivos existem para uma coisa legítima: ajudar profissionais a reprogramar chaves e sistemas imobilizadores quando o dono perde a chave. Só que, nas mãos erradas, tornam-se a ferramenta perfeita para fazer o contrário do previsto. Ou seja, desligar a proteção eletrónica de um carro e “batizá-lo” com uma chave nova, em minutos.
Num caso filmado em Anaheim Hills, os ladrões partiram discretamente um vidro traseiro, um deles entrou, o outro passou-lhe o tablet. Ligaram o equipamento à eletrónica do veículo, reprogramaram o sistema… e o carro saiu pelo próprio pé como se nada fosse.
Sem sirenes, sem barulho
Agora junta isto à realidade portuguesa: cada vez mais carros recentes, cheios de eletrónica, com porta OBD acessível e sistemas chave-na-mala. É ou não é o cenário perfeito para este tipo de truque aterrar por cá?
A antena que “rouba” o sinal da tua chave e já é tema em Portugal
O segundo truque é ainda mais assustador porque nem precisa de partir vidros: o ataque por relé ao comando do carro.
A ideia é simples: uma antena junto à tua casa “caça” o sinal da chave que está pousada no móvel do hall ou na cozinha. Esse sinal é amplificado e enviado para um cúmplice que está ao pé do carro. Para o veículo, parece que a chave está mesmo ali ao lado: portas destrancam, botão de ignição aceita, e o carro arranca como se fosses tu.
Isto já não é ficção nem exclusivo dos EUA. Especialistas em segurança automóvel em Portugal têm vindo a alertar para a técnica “relay theft”, explicando que os sistemas keyless são particularmente vulneráveis: bastam alguns segundos e o carro desaparece sem barulho, sem janelas partidas, sem ninguém desconfiar.
E convém lembrar: a maioria dos roubos em Portugal continua concentrada em Lisboa e Porto, muitas vezes na rua ou em parques abertos exatamente onde este tipo de ataque brilha.
“Mas isso é mesmo provável em Portugal?”
Se tens um carro recente, com entrada sem chave e arranque por botão, estás no perfil perfeito do alvo moderno.
Os ladrões já não precisam de arrombar a fechadura como nos anos 90. Precisam de:
- saber que o carro dorme sempre no mesmo sítio;
- apanhar o sinal da chave lá dentro de casa;
- ter o equipamento certo para enganar o sistema eletrónico.
Os próprios especialistas admitem: quanto mais conveniente o teu carro é para ti, mais conveniente pode ser para quem o quer roubar.
Como blindar o teu carro antes que esta moda aterre à porta de casa
Não há solução mágica, mas há formas simples de dificultar muito a vida a quem tenta usar tablets e antenas para levar o teu carro:
Não deixes a chave junto à porta de casa. Assim quanto mais perto da rua, mais fácil é o sinal ser captado. Mantém as chaves no interior da casa, longe de janelas e portas.
Usa uma bolsa ou caixa tipo “Faraday” – bloqueia o sinal da chave e já é recomendada por forças policiais e especialistas lá fora.
Volta ao clássico: tranca de volante é feia? É. Dá trabalho? Dá. Mas é um obstáculo físico que muitos ladrões não querem perder tempo a tentar ultrapassar, sobretudo quando o método deles depende de rapidez.
Ativa o GPS e apps de localização – se o pior acontecer, ter tracking ativo pode ser a diferença entre recuperar ou perder o carro de vez.
Estaciona em zonas iluminadas e com movimento – câmaras, vizinhos e luz continuam a ser inimigos naturais do crime, por muito high-tech que o roubo seja.
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