Chegámos a um ponto estranho no mundo mobile. Comprar um smartphone “deste ano” é, para a maioria das pessoas, um péssimo negócio. Infelizmente, nem estamos a falar apenas e só dos modelos mais caros. Mesmo os gama média começam a seguir este caminho absurdo, onde as diferenças face aos modelos anteriores são mínimas, mas o preço continua a escalar sem dó nem piedade.
O problema é estrutural.
Durante anos, os fabricantes prometeram revoluções, inovações, saltos tecnológicos. Mas, apesar das promessas das fabricantes de chips, a verdade é que já não há muito para inventar. As margens de evolução tornaram-se tão pequenas que hoje pagamos centenas de euros a mais por… mais brilho no ecrã? Um botão de IA? Ou um processador que só se nota nos benchmarks?
Veja-se o caso do Phone (3) da Nothing.
Dois anos depois do Phone (2), uma decisão que foi elogiada por muitos, inclusive por mim, era suposto marcar um novo capítulo. A própria marca insinuou que ia agitar o mercado, ao trazer algo mesmo fora da caixa. Mas o que recebemos foi um design excêntrico, com um ecrã traseiro estranho, e um preço que roça os 800€ ou 900€. Onde está a tal inovação? Onde está a tal revolução? Ficou no marketing, como tantas outras promessas.
Isto não é exclusivo da Nothing. A Samsung lançou o Galaxy S25 Ultra, que não é muito diferente face ao S24 Ultra, que por sua vez é praticamente igual ao S23 Ultra antes de si. A Apple prepara-se para lançar o iPhone 17, mas se comprar um iPhone 15 Pro hoje, vai ter 95% da experiência por muito menos dinheiro. Em ambos os casos, mesmo que vá comprar um smartphone de topo com 2 anos em cima, vai ter acesso até à IA. Não perde quase nada.
É que os preços dos novos modelos estão a atingir níveis ridículos.
1.499€ por um telemóvel? E depois há quem diga que o mercado está “a abrandar”. Pudera. A maior parte das pessoas já percebeu que comprar o modelo do ano é um luxo que raramente compensa.
Tenha em conta que um S23 Ultra começa abaixo dos 700€, um iPhone 15 Pro mais 50 ou 100€.
Hoje em dia, o consumidor mais esperto é aquele que compra “com um ano ou dois de atraso”. Leva um smartphone quase igual, com o software igual, atualizações garantidas, e ainda poupa umas centenas de euros que pode gastar noutra coisa qualquer.
Em suma, o mercado estagnou. No fundo, o que interessa é ter um bom smartphone. Não o mais novo. Não o mais caro. Mas aquele que faz tudo o que precisa, sem estourar a carteira por um capricho de marketing.
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