Queres um PC, vais a uma loja, e vês uma boa oportunidade. Um bom processador, uma placa gráfica para jogar tudo no máximo durante 2 ou 3 anos, e um preço porreiro. Aliás, o preço porreiro demais para a realidade que se vive no mercado atualmente.
Sabes porquê? Porque o computador vem sem memória RAM. Sim, a RAM está tão cara que há lojas a vender torres sem memória.
Já há quem venda PCs completos sem… Memória RAM.

- Nota: Ainda existem lojas com PCs Pré-Feitos, normalmente grandes superfícies, com PCs já montados com preços normais. Mas são cada vez mais raros. Atenção!
Portanto, durante anos, comprar um computador foi simples. Escolhias o modelo, ou escolhias as peças, vias o preço, levavas para casa e ligavas. Funcionava. Pois… Hoje, a coisa começa a entrar num território estranho, quase surreal.
Ou seja, depois da crise das placas gráficas, e da crise dos chips, agora temos a crise da memória RAM. O que claro está, faz com que a memória RAM esteja tão cara que já existem fabricantes e lojas a vender computadores sem RAM instalada.
É propositado e é inédito para a grande maioria dos consumidores.
O problema não é a ideia. É a realidade
Tecnicamente, vender um PC sem RAM não é novidade. Barebones existem há décadas. O problema é o contexto.
Estamos a falar de computadores vendidos ao público em geral, muitas vezes apresentados como “prontos a usar”, mas que não ligam se o utilizador não souber o que está a fazer. Para 99% das pessoas, um computador sem RAM é simplesmente um computador avariado.
Porque é que a RAM ficou tão cara?
A resposta é simples, mas pouco agradável.
A produção de memória está a ser sugada por data centers, inteligência artificial, cloud e servidores. É aí que está o dinheiro a sério. O mercado de consumo passou para segundo plano.
Tudo vai regredir, até os telemóveis!
O mesmo fenómeno já está a começar a sentir-se nos smartphones.
Modelos de entrada a regressar aos 4GB ou 6GB de RAM. Gama média a estagnar nos 8GB. Apenas os topos de gama a subir para 12GB ou 16GB, sempre com preços mais altos.
Ou seja, em vez de evolução, estamos a assistir a um downgrade silencioso. Paga-se mais, recebe-se menos, e chama-se a isso “otimização”.
Quem é que isto beneficia?
Na prática, beneficia quem já percebe do assunto.
Há quem compre PCs sem RAM, vá ao mercado usado, OLX ou recondicionados, e poupe bastante dinheiro. Para utilizadores avançados, faz algum sentido. Reaproveitam peças, sabem o que comprar, sabem montar.
Mas isso é uma minoria.
Para a esmagadora maioria dos consumidores, isto só cria confusão, frustração e desconfiança. As pessoas querem um computador que funcione, com garantia total, sem ter de andar a comprar componentes à parte.
Se os preços continuarem a subir e os equipamentos começarem a cortar em componentes essenciais, muita gente vai simplesmente deixar de comprar. Tal como aconteceu com as placas gráficas, o mercado pode entrar em modo de espera.
A malta aguenta o que tem. Adia upgrades. Compra só quando é mesmo obrigatório.
Em suma, isto não é normal. Nem devia ser

