No fim de um dia longo, depois de horas de trabalho, trânsito e aquela lista interminável de tarefas domésticas, a última coisa em que pensas é em cortar cebolas e mexer tachos. A tentação é grande: abrir a app no telemóvel, escolher o teu prato favorito e, em menos de 40 minutos, tens a refeição à porta de casa. Mas será que esta conveniência não está a custar demasiado ao teu bolso? A questão não é apenas de preguiça ou de praticidade é também de economia e de saúde. Por isso, vamos pôr as cartas na mesa e responder de forma clara: o que sai mais caro, ir buscar comida fora ou cozinhar em casa?
Gasta-se mais dinheiro a ir buscar comida ou a cozinhar em casa?
O preço escondido da comida fora
À primeira vista, pedir comida parece simples e até inocente. Afinal, uma pizza a 9,90€ não é nada de mais… certo? O problema é que esse valor raramente é o que realmente pagas.
Taxas de entrega: variam entre 2€ e 5€, e já nem falamos das vezes em que pagas extra por zonas mais afastadas.
Embalagens e extras: muitos restaurantes cobram pelo molho extra, pela sobremesa ou até pelo guardanapo.
Preços mais altos nas apps: os restaurantes aumentam ligeiramente os valores para compensar a comissão que as plataformas cobram, que pode chegar a 30%.
exemplo real: um hambúrguer que custa 7,50€ no restaurante, através da app já aparece a 8,90€. Soma a entrega, a bebida e a gorjeta ao estafeta e, de repente, a conta passa para 15€ ou 16€.
E aqui está a armadilha: esse valor é quatro vezes superior ao que gastarias se preparasses em casa um hambúrguer com ingredientes frescos comprados no supermercado.
Cozinhar em casa: barato, mas trabalhoso
É inegável: cozinhar em casa é mais barato. Basta olhar para os números:
1 kg de arroz custa cerca de 1,20€ e rende mais de 15 doses.
Um frango inteiro por 6€ dá para quatro refeições diferentes (frango assado, canja, empadão, sandes).
Massa + molho de tomate + queijo: com menos de 5€, tens comida para 3 a 4 pessoas.
Comparando diretamente, uma refeição caseira ronda os 2 a 4 euros por pessoa, enquanto a encomenda raramente fica abaixo dos 12€.
Mas aqui surge o grande “senão”: o tempo. Para muitos, cozinhar significa pensar no prato, ir às compras, cozinhar e depois limpar tudo. É aí que a preguiça fala mais alto e que o botão “Confirmar pedido” parece tão tentador.
A conta que dói no bolso
Vamos fazer as contas de forma simples:
Uma pessoa que encomende comida 3 vezes por semana gasta, em média, 45€ a 60€.
No final do mês, isso são cerca de 200€ a mais comparado com cozinhar em casa.
Num ano, a diferença dispara para mais de 2000€. Na prática o equivalente a umas boas férias no estrangeiro.
Ou seja, a conveniência de não cozinhar pode estar a custar-te viagens, tecnologia nova ou até uma poupança que faria toda a diferença.
Saúde: outro fator escondido
Além do dinheiro, há um detalhe que muitos esquecem: a saúde. Comida encomendada costuma ser mais rica em sal, óleos refinados e calorias escondidas.
Um prato de fast food pode ultrapassar facilmente as 1200 calorias, metade do que uma pessoa adulta precisa num dia.
As refeições caseiras, por outro lado, permitem-te escolher ingredientes mais saudáveis, controlar o sal, reduzir gorduras e evitar fritos excessivos.
O resultado é simples: cozinhar em casa não só protege o teu bolso, como também o teu corpo.
O equilíbrio que funciona
A verdade é que a resposta não é preto no branco. Não precisas de te tornar escravo da cozinha, mas também não deves cair na tentação de pedir sempre. O truque está no equilíbrio:
Reserva os pedidos de comida para ocasiões especiais ou dias em que estás completamente sem tempo.
Planeia refeições rápidas: pratos que demoram 15 a 20 minutos (massa, saladas, omeletes) podem ser a tua salvação nos dias mais caóticos.
Compra em quantidade: cozinhar a mais e congelar porções é uma das formas mais eficazes de poupar.
Mistura as duas opções: por exemplo, faz a refeição principal em casa e pede apenas a sobremesa ou um acompanhamento especial.
O veredito final
Se a dúvida é “gasta-se mais a pedir comida ou a cozinhar em casa?”, a resposta é clara: pedir comida sai sempre mais caro. Ponto final.
Mas também é verdade que cozinhar todos os dias pode ser cansativo. A grande lição aqui é perceberes o peso que essa conveniência tem nas tuas finanças e no teu bem-estar.
Se usares o delivery como exceção, não há problema. Mas se fizeres disso um hábito, prepara-te para ver o teu orçamento a encolher a olhos vistos.
No fim, talvez a pergunta certa não seja “quanto custa cozinhar ou pedir?”, mas sim: quanto estás disposto a pagar pela tua comodidade?