O CEO da Sport TV veio a público pedir “prisão para os piratas”, e claro, que as listas de clientes das plataformas de IPTV Ilegais sejam divulgadas. Curiosamente, o CEO apontou para Itália como exemplo ao dizer que “o futebol está a ser roubado”.
É um discurso forte, mas que falha no essencial.
Enquanto quem mandar no mercado não perceber que o maior inimigo não é o Telegram, o WhatsApp, as plataformas de streaming cheias de anúncios, ou as litas de IPTV, nada vai mudar, a pirataria apenas vai ganhar mais e mais força.
Os serviços oficiais são caros, estão completamente fragmentados, e a qualidade nem sempre é a melhor. É uma oferta pensada para um consumidor que já não existe, naquilo que é um mercado que mudou completamente ao longo dos últimos 10 anos.
O preço mata o mercado!
Pedir 40 ou 50€ por mês para ver os jogos de uma equipa, é ignorar a realidade de um país onde os salários não acompanham a inflação. 50€ por mês, multiplicado por 12 meses, são 600€ por ano. É muito dinheiro!
É que além deste dinheiro, o cliente é obrigado a ficar preso a uma operadora Premium, visto que as low-cost não oferecem ainda a totalidade dos canais desportivos. Assim, somando mensalidades, boxes e pacotes, o total anual dispara para valores absurdos.
No final do dia, a pirataria não cria esse fosso, apenas ocupa o espaço que a oferta legal deixa vazio.
O que é preciso para mudar o paradigma?
- Preços mais agressivos! É preciso mais clientes, e não tentar retirar muito dinheiro a cada subscritor.
- Pacotes modulares. Clube a clube, jogo a jogo, fins de semana à la carte. Basicamente, pagar só pelo que se vê.
- Acesso direto, sem operadora. App universal, login simples, cancelamento em dois cliques, partilha possível e facilitada.
- Qualidade técnica e conteúdo premium. 4K real, latência baixa, som a sério, estúdios com valor acrescentado.
- Ofertas temporárias inteligentes. Dias abertos estratégicos, passes de uma semana, passes de clássico, passes de fase de grupos. Mexer com o mercado.
O consumidor já escolheu, a bola está agora no lado de quem quer vender!
Em suma, o público vota todos os meses com a carteira.
Por isso, se as coisas são demasiado caras e complicadas, a pirataria está ali ao virar da esquina. Ou seja, se a proposta não compensa, há outras soluções.
É preciso voltar a conquistar a confiança do consumidor, porque mesmo sendo Portugal uma região apaixonada por futebol, se existir mesmo uma criminalização da pirataria, o mais certo é que as pessoas deixem de consumir futebol de forma tão intensa. Não há dinheiro para mais.
Ou seja, enquanto a indústria insistir em tratar o adepto como inimigo, vai continuar a perder a guerra, mesmo que ganhe algumas batalhas.
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