Aconteceu! Sete homens. Sete cadeiras à volta da mesma mesa. E, entre conversas sobre trabalho, filhos e futebol, veio a inevitável pergunta, “onde é que viste o Derby do passado fim-de-semana”. A resposta, como tantas outras vezes, foi um encolher de ombros seguido de algo que já nem me causa grande espanto: todos ali usavam IPTV pirata.
- Nota: Eu não. Perfeitamente legal. Nem sei o que é ser “Inácio”.
Mas o mais curioso no meio de tudo isto, foi mesmo o tom de conversa. Onde ninguém se mostrou muito preocupado com o uso “às claras” de serviços de IPTV Pirata. Sabe porquê? Porque é mesmo muito difícil justificar gastar 600€ ou 700€ por ano, para ter acesso a 4 jogos de futebol por mês.
São valores absurdos para a realidade Portuguesa, e que são completamente esmagados pelos cada vez mais numerosos serviços de IPTV que aparecem em todas as esquinas da Internet, e por vezes até nas lojas da nossa rua.
Mais barato, mais completo, mais prático!
Ao contrário do que se pensa, não são só “os miúdos” que usam listas piratas.
São pais de família, profissionais de vários setores, pessoas perfeitamente conscientes que, depois de pagar contas, supermercado, combustível e colégios, não querem saber de legalidades ou ilegalidades quando têm de pagar mais de 50 euros por mês para ver uns jogos.
Mas sabe o que é de facto mais curioso? Nenhuma crítica à qualidade. Pelo contrário. Tudo fluído, 4K, apps simples de instalar na TV ou na box Android. Com mais canais do que se encontra em qualquer pacote oficial. Tudo isto por 5€ por mês, ou em alguns casos, até menos que isso.
Quem falha aqui não é o consumidor.
Eu falo por mim, e todos chegaram à mesma conclusão.
Se os serviços legais fossem mais acessíveis, ninguém seria pirata, mesmo que existisse alguma poupança envolvida.
Ou seja, ao facto de pagarem 30 euros por mês e ainda levarem com publicidade. De os jogos bloquearem nas apps oficiais. De haver jogos exclusivos em plataformas diferentes. Ou até de não existir um plano familiar decente para ver conteúdos em casa e no telemóvel sem restrições, etc… Isto, claro, sem nunca esquecer o facto de preços continuarem a subir sem qualquer justificação.
A União Europeia está a apertar, nomeadamente em Espanha e Itália. Portugal vai atrás. Mas… será que vai resultar?
As novas regras da União Europeia querem impedir transmissões ilegais em tempo real. Portugal vai alinhar. Vão apertar com as listas, os servidores, os intermediários.
Mas, se não houver uma verdadeira alternativa legal que seja simples, completa e justa, o utilizador vai sempre arranjar forma de fugir. Sabe porquê? É que a pirataria hoje já não é uma questão de rebeldia. É uma questão de sobrevivência digital.
Conclusão
O problema não é a pirataria. É o que levou as pessoas até lá. Se os serviços legais fossem melhores, mais justos e mais acessíveis, esta conversa nem existia. Mas, neste momento, é a pirataria que oferece o que o mercado devia ter oferecido há muito.
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