Caso não saibas, a Operação 404 derrubou mais de 300 serviços ilegais de IPTV no Brasil, incluindo o popular TV Express Brasil. Mas, na prática, para quem já está habituado a estas andanças, foi apenas mais um dia da semana.
Um morador da Zona Leste de São Paulo, nem precisou esperar pelo apagão. Quinze dias antes, o vendedor já o tinha avisado. Ele limitou-se a instalar outra app e a vida continuou.
Este é o retrato de um mercado que, apesar das ações policiais, continua forte, organizado e com uma velocidade de reposição que o Estado e as autoridades não consegue acompanhar.
Preço baixo, oferta gigantesca e zero fidelização. É um negócio que não seca porque, para o utilizador, trocar de serviço é tão simples como introduzir um código.
Fechou? Trocam-se apps e mantém-se o hábito

Este utilizado pagava 70 reais a cada dois meses por 380 canais no TV Express Brasil.
Filmes, séries, desporto e plataformas premium, tudo acessível através de uma TV Box não homologada.
Quando o vendedor avisou que o serviço ia cair, a solução chegou no mesmo segundo: RedPlay Box. Cinco mil canais. Vinte e cinco reais por mês. Instalar, inserir código, seguir em frente.
Muitos contactos desta utilizador preferem o Nexa TV Box, outro nome popular num universo que se renova sempre que um domínio cai, que uma app desaparece ou que uma operação policial faz manchetes. Os vendedores oferecem testes grátis de 24 horas, novos códigos, novas apps, novos sites. É sempre a andar.
Um mercado enorme, ainda que invisível
Tudo funciona no WhatsApp e no boca a boca, o que dá a sensação de um mercado pequeno e improvisado. Mas… A realidade é outra. A Alianza estima que os serviços derrubados tinham mais de 4,6 milhões de utilizadores ativos no Brasil. Com mensalidades a partir de 25 reais, estamos a falar de mais de 115 milhões de reais por mês. Em um ano, cerca de 1,38 mil milhões.
E legalmente? O utilizador pode ser preso?
No Brasil, um pouco à imagem de Portugal, o utilizador não responde por crime de pirataria, porque não é o responsável direto pela distribuição do conteúdo. A responsabilidade recai sobre quem vende, aloja, distribui e lucra com o serviço.
Ainda assim, o utilizador pode perder dinheiro, privacidade e até o acesso às próprias contas. O risco existe, mesmo que a polícia não bata à porta.
Mas… Quando as vantagens ultrapassam (e muito) o risco, os utilizadores apostam tudo na ilegalidade.
