A IPTV Ilegal nunca esteve tão forte como agora. É a resposta aos preços abusivos, e qualidade de serviço que deixa muito a desejar. Sendo exatamente por isso que muitos consumidores optam pelo caminho cinzento, em vez do caminho que supostamente deveria ser o correto.
É também por isso que as regras estão a mudar, e o cerco está cada vez mais apertado na Europa. Mas… As coisas não estão a ser bem feitas. Aliás, a própria Cloudflare decidiu puxar dos galões e criticar diretamente a forma como a Europa está a lidar com a pirataria e a IPTV.
A gigante empresa, que por acaso até tem investimentos em Portugal, diz que o bloqueio massivo e em tempo real de sites suspeitos não só falha em resolver o problema como ainda cria efeitos colaterais graves, afetando milhares de serviços legítimos.
Luta contra a pirataria resulta em bloqueios cegos e injustos
Caso não saiba, a Cloudflare tem sido uma das mais visadas pelas ordens judiciais contra plataformas piratas. O problema? A sua rede é usada por milhões de sites legítimos, como é óbvio. Porém, basta que um endereço IP esteja associado a um serviço suspeito para que tudo o resto seja bloqueado. Resultado: utilizadores sem acesso a serviços que nada têm a ver com pirataria.
Ou seja, na prática, a Europa está a disparar em todas as direções sem salvaguardas, com interrupções em sites totalmente inocentes e até restrições a serviços fundamentais como DNS públicos ou VPNs.
Para a Cloudflare, isto é não só injusto como perigoso. Aliás, é um transformar da Internet sem qualquer necessidade.
“A Europa não sabe como funciona a Internet”?
A crítica da empresa é dura, mas tem alguma lógica.
Afinal de contas, os reguladores europeus estão a legislar sem perceber a base da Internet.
Bloquear um IP partilhado significa cortar o acesso a milhares de sites de uma vez. É como fechar uma autoestrada inteira porque um carro não tinha inspeção em dia. Não faz sentido, e é assustador.
Soluções?
Ao contrário de muitos operadores, a Cloudflare não fica só na crítica. Defende que o bloqueio seja sempre o último recurso, nunca aplicado a tecnologias essenciais como DNS ou VPNs.
Por isso, a empresa pede maior transparência, como listas públicas com os sites bloqueados, os motivos e a duração das medidas. E, claro, responsabilização. Se um bloqueio massivo prejudicar serviços legítimos, alguém tem de responder por isso.
Imagine que a Leak.pt ficava bloqueada porque alguém decidiu bloquear um IP. Isto faz algum sentido? Quem se responsabiliza? Ninguém claro.
Pirataria não é a solução. Mas assim… Não.
A Cloudflare deixa claro que não apoia a pirataria, mas também não aceita destruir a arquitetura da Internet para perseguir plataformas ilegais. Indiretamente, esta posição acaba por beneficiar quem vive da IPTV pirata. Mas apenas e só porque a liberdade da Internet (e de facto a nossa) é mais importante.