A inteligência artificial vai roubar o teu trabalho… ou dar-te um melhor?

A inteligência artificial está a virar o mundo do trabalho do avesso. Não é só buzz ou títulos dramáticos: segundo o Fórum Económico Mundial, uma boa parte dos líderes empresariais já vê o acesso digital e a IA como algo que vai mesmo mudar os seus negócios. E quando os negócios mudam, os empregos também mudam. Assim alguns nascem, outros desaparecem. A ideia geral é esta: nos próximos anos, a IA e outros fatores (como tensões geopolíticas) vão estar por detrás da criação e destruição de cerca de 22% dos empregos. Estamos a falar de milhões de postos de trabalho: uns 170 milhões criados, 92 milhões perdidos. Não é uma troca direta, não acontece tudo ao mesmo tempo, e nem sempre no mesmo país ou setor. Mas a maré está claramente a mexer.

Os empregos que estão mesmo na corda bamba

As primeiras vítimas não são necessariamente os empregos “simples”, mas sim os mais repetitivos. O WEF aponta logo para funções como: administrativos, secretárias/os, assistentes executivos e afins.

inteligência artificial não representa um perigo para os humanos!

Tudo o que envolva lidar com dados, agendas, documentos, relatórios standard… torna-se terreno perfeito para bots e assistentes de IA que nunca se cansam, não pedem férias e trabalham 24/7.

Nem as empresas de tecnologia escapam. Gigantes como a IBM e a Meta já cortaram milhares de postos, sobretudo em cargos não técnicos. No caso da IBM, parte do trabalho de recursos humanos está a substituir-se por agentes de IA que tratam de tarefas rotineiras mais depressa e mais barato.

Mesmo quando o lugar não desaparece, muda de forma. O CEO da Walmart já foi claro: “Todos os empregos que temos vão mudar de alguma forma.” Em vez de fazeres sempre o mesmo, vais passar a trabalhar com ferramentas de IA ou a ser avaliado por elas.

Onde é que a IA está a criar novas oportunidades?

Nem tudo é corte. Em muitos casos, a IA está a criar empregos totalmente novos.

A mesma IBM que reduz headcount em RH anda a contratar perfis como:

  • prompt engineers (pessoas especializadas em “falar” com modelos de IA),
  • especialistas em automação,
  • analistas que sabem trabalhar com grandes volumes de dados.

São funções que exigem pensamento crítico, capacidade de decisão e um mínimo de conforto com tecnologia. Ou seja: em vez de fazer um trabalho mecânico, passas a desenhar sistemas, validar resultados, melhorar processos.

Fora da tecnologia pura e dura, há outro efeito curioso: se queremos IA em todo o lado, precisamos de infraestrutura. Data centers não se constroem sozinhos. Isso significa mais trabalho para eletricistas, canalizadores, carpinteiros e outros profissionais especializados.

inteligência artificial não representa um perigo para os humanos!

Durante algum tempo, estes empregos qualificados podem viver um pequeno “boom”. Mas nada é garantido a longo prazo: a mesma onda tecnológica que traz trabalho também pode automatizar partes dele.

Robôs: da linha de montagem ao café da esquina

A IA não vive só em ecrãs e folhas de Excel. Também está a entrar no mundo físico através da robótica.

Já há robôs a apanhar fruta, servir cafés, receber clientes em lojas e entrar em ambientes perigosos onde ninguém quer arriscar a vida.

Nas fábricas, os braços robóticos começaram nos automóveis, mas estão a alargar-se a cada vez mais setores. Muitas das tarefas que hoje são feitas por trabalhadores com menor qualificação, como movimentar materiais, repetir gestos ao longo da linha de produção, são o alvo perfeito para sistemas automáticos alimentados por IA.

A grande dúvida é se, no balanço final, isto vai criar mais empregos do que destrói. O mais provável é que o impacto seja desigual: quem tem menos formação e faz tarefas repetitivas vai sentir a pressão primeiro.

Então… devo ter medo ou preparar-me?

Talvez as duas coisas, mas a segunda ajuda mais do que a primeira.

A mensagem escondida por trás de todos estes números é simples: empregos que são só “fazer sempre igual” estão em risco; empregos que exigem pensar, decidir, combinar conhecimento técnico com contexto humano têm mais futuro.

Saber usar IA (em vez de a ignorar), perceber um pouco de dados, ganhar competências técnicas ou especializadas, tudo isso pode ser a diferença entre ser substituído… ou ser precisamente a pessoa que lidera a mudança.

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A ferver

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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