Pode achar que a coisa só serve para fazer imagens giras, ou gerar texto, mas a Inteligência Artificial anda a evoluir a uma velocidade quase absurda, e por isso mesmo, vai ser capaz de meter um dedinho em tudo, ou pelo menos quase tudo.
Aliás, depois dos avisos que tivemos na Gitex Berlim, onde foi dito que a IA vai de facto ter um impacto profundo na economida, agora parece estar a dar mais um passo em direção à medicina personalizada. Afinal de contas, investigadores Chineses desenvolveram um sistema de IA que consegue prever a tua idade, ou melhor, a idade dos teus olhos, apenas com base numa imagem da retina.
Os resultados não só são surpreendentemente precisos, como podem vir a ter um impacto direto na saúde reprodutiva, especialmente das mulheres.
Olhos que contam segredos?
A tecnologia baseia-se numa técnica chamada imagem de fundo ocular (fundus imaging), usada para fotografar a parte de trás do olho. Isto porque, esta zona é rica em vasos sanguíneos e outras estruturas que, ao que parece, denunciam sinais claros de envelhecimento biológico.
Dito tudo isto, a IA, treinada com mais de 20 mil imagens vindas de 10 mil adultos, consegue perceber se os teus olhos “parecem” mais velhos ou mais novos do que tu.
O algoritmo, chamado FLEX (Frozen and Learning Ensemble Crossover), foi especialmente afinado para detetar essa diferença. Algo conhecido como “retinal age gap”.
Idade dos olhos pode ser diferente da idade da pessoa?
Pois bem, percebeu-se que o desvio entre a idade real e a idade dos olhos pode estar ligado a vários problemas de saúde. No caso das mulheres, pode mesmo ajudar a prever dificuldades de fertilidade ou uma menopausa precoce.
Cada ano extra nos olhos, mais 36% de risco de menopausa precoce
Os investigadores analisaram ainda imagens de mais de 2500 mulheres em pré-menopausa e perceberam que, sempre que o olho parecia “um ano mais velho” do que a idade real da mulher, o risco de apresentar níveis baixos de hormona AMH (indicador da reserva ovárica) aumentava. No grupo dos 40 aos 44 anos, o risco subia 12%. Já no grupo dos 45 aos 50, disparava para os 20%.
Não fica por aqui. O risco de entrar em menopausa antes dos 45 anos aumentava 36% por cada ano extra nos olhos. O estudo observou também que mulheres que tiveram filhos mais cedo tinham, em média, níveis mais baixos desta hormona.
Uma tecnologia que pode mudar a forma como planeamos o futuro?
Se tudo isto se confirmar com estudos mais alargados, é fácil imaginar um futuro em que um simples exame aos olhos, que é rápido, não invasivo e sem agulhas. Possa começar a dar pistas fundamentais para quem está a pensar engravidar, preservar fertilidade ou apenas entender melhor como o corpo está a envelhecer.
Uma espécie de alerta precoce biológico, que permite planear com mais tempo e agir antes que surjam sintomas mais sérios. Incrível, porque tudo começa com uma fotografia à retina.