Incrível mas real: escaravelhos-ciborgue podem salvar vidas

Parece saído de um filme de ficção científica, mas é bem real. Investigadores na Austrália e Singapura criaram algo surpreendente: escaravelhos-ciborgue equipados com mochilas tecnológicas que podem ser controlados como se fossem personagens de um videojogo. O objetivo? Ajudar em missões de busca e salvamento em cenários extremos como desabamentos de edifícios ou minas.

Batizados de ZoBorgs, estes insetos são escaravelhos da espécie Zophobas morio, mais conhecidos por “supervermes”. Graças ao seu tamanho reduzido (cerca de 3 centímetros de comprimento), agilidade natural e resistência, conseguem movimentar-se por entre escombros e zonas onde nenhum robô ou humano conseguiria entrar.

Uma mochila que dá superpoderes

Para transformar estes escaravelhos em agentes de resgate, os cientistas colocaram-lhes uma espécie de mini mochila eletrónica. Esta envia sinais elétricos para as antenas ou asas, permitindo controlar os seus movimentos remotamente para a esquerda, direita, para frente ou até para trás.

Fonte: Fitzgerald et al., Adv. Sci., 2025

Com esta tecnologia, os ZoBorgs conseguem escalar paredes, ultrapassar obstáculos do seu tamanho e passar de superfícies horizontais para verticais com uma eficácia que deixa os robôs tradicionais para trás. A taxa de sucesso a subir obstáculos é de impressionantes 92%!

E o melhor? Não é necessário desenvolver sensores ou sistemas complexos de locomoção. De facto, a própria natureza já os equipou com garras, almofadas adesivas nas patas, sensores nos membros e um corpo ágil. Tudo o que os investigadores fizeram foi adicionar um sistema de controlo “plug and play” para guiar o que já é, por si só, uma máquina de navegação incrível.

Muito mais do que simples insetos

Estes escaravelhos não servem apenas para salvar vidas. Em forma larvar, são comestíveis e ricos em proteína, sendo consumidos em países como o México e a Tailândia. Além disso, são capazes de comer plástico poliestireno. Trata-se de uma descoberta que pode ajudar a combater a poluição ambiental, caso se consiga replicar o seu processo digestivo.

Os investigadores já pensam em melhorar ainda mais as capacidades dos ZoBorgs com sensores adicionais, como unidades de medição inercial (IMU), que permitirão obter dados em tempo real sobre movimento, sem necessidade de câmaras. Ainda assim, a integração de microcâmaras torna-se essencial para missões de resgate reais, onde se torna necessário identificar pessoas presas entre destroços.

E sim, o bem-estar dos escaravelhos não se esqueceu. Durante os testes, viveram em condições confortáveis com cama de farelo de trigo e fatias de maçã fresca e foram tratados até ao fim da sua curta vida, de cerca de três meses.

A ciência está a criar super-heróis… com seis patas

Este projeto, publicado na revista Advanced Science, mostra que a fusão entre biologia e tecnologia está a atingir novos patamares. Pode não ser um robô com forma humana, mas um escaravelho-ciborgue poderá muito bem ser o próximo herói a salvar vidas em momentos críticos.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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