Quarta-feira, Setembro 17, 2025

Guerra Irão: prepare-se para o que vai acontecer aos combustíveis

O mundo assiste com preocupação à escalada militar entre Israel e o Irão, que entrou recentemente numa nova fase crítica. Para além do impacto humanitário e geopolítico, o conflito está já a ter efeitos económicos significativos e um dos mais imediatos é o aumento nos preços dos combustíveis, sobretudo do gasóleo. Assim como efeito da guerra entre Israel e Irão prepare-se para o que vai acontecer nos combustíveis.

O que está a acontecer?

Desde 13 de junho de 2025, Israel tem levado a cabo ataques cirúrgicos contra instalações nucleares no Irão. Tudo numa tentativa de travar o avanço do programa nuclear iraniano. Em resposta, Teerão retaliou com mísseis balísticos e ameaças diretas a infra-estruturas israelitas. A tensão atingiu novos patamares quando os Estados Unidos decidiram intervir diretamente, lançando um ataque aéreo de grandes dimensões sobre três instalações nucleares iranianas, utilizando bombas de elevada penetração.

O Irão respondeu ameaçando fechar o Estreito de Hormuz. Trata-se de um ponto crítico para o transporte de petróleo mundial. Essa ameaça tem causado pânico nos mercados globais e está a impulsionar os preços do crude e, por arrasto, dos derivados como o gasóleo.

Porque é que o gasóleo é o mais afetado?

O gasóleo, ao contrário da gasolina, é um combustível com elevada dependência da refinação e da estabilidade nas cadeias logísticas. A Europa, em particular, importa uma parte substancial do seu gasóleo do Médio Oriente. Quando surgem disrupções na oferta, seja por dificuldades no transporte marítimo, seja por receios de conflito prolongado, os preços do gasóleo tendem a subir mais rapidamente.

Além disso:

O gasóleo é essencial para o transporte de mercadorias, serviços logísticos e maquinaria industrial.

É também usado em aquecimento doméstico e produção agrícola em vários países.

A procura global por gasóleo refinado é mais difícil de suprimir a curto prazo, ao contrário de outros combustíveis.

fumos do gasóleo, Biodiesel, combustíveis, açúcar no depósito da gasolina

Situação atual

Nas últimas 72 horas, o preço do petróleo Brent subiu cerca de 10%, aproximando-se dos 90 dólares por barril, e os futuros do gasóleo já ultrapassam os 105 dólares por barril. Ou seja, o valor mais alto em quase dois anos. Os analistas prevêem que, caso o Irão bloqueie mesmo o Estreito de Hormuz, os preços podem disparar para os 130 a 150 dólares por barril.

Para os consumidores, isso traduz-se em aumentos de 10 a 25 cêntimos por litro, especialmente no gasóleo rodoviário, nos próximos dias ou semanas.

Impacto direto em Portugal

Portugal é particularmente vulnerável a este tipo de crises por vários motivos:

  • Elevada dependência energética externa – Portugal importa quase todo o petróleo e derivados que consome.
  • Elevado consumo de gasóleo – Tanto o setor dos transportes como o das indústrias nacionais são fortemente dependentes deste combustível.
  • Sensibilidade aos mercados e flutuação cambial – O preço do petróleo é fixado em dólares, o que significa que qualquer desvalorização do euro face ao dólar amplifica assim o impacto.

Consequências imediatas que podemos esperar:

  • Subida nos preços nos postos de abastecimento;
  • Repercussões nos custos logísticos e, por consequência, nos preços dos bens alimentares e produtos essenciais;
  • Pressão adicional sobre a inflação nacional, já elevada.

E se o Estreito de Hormuz for mesmo fechado?

Entretanto o Estreito de Hormuz é responsável por cerca de 20% do transporte global de petróleo. Um bloqueio, mesmo temporário, causaria:

  • Escassez imediata no fornecimento de crude e derivados;
  • Subida explosiva nos preços do petróleo bruto;
  • Aumento nas tarifas de transporte marítimo e seguros;
  • Disparos nos preços dos combustíveis à escala global, com o gasóleo a ser o primeiro a ressentir-se.

Este cenário provocaria também instabilidade nos mercados financeiros, novos aumentos das taxas de juro por parte de bancos centrais para conter a inflação, e possíveis recessões técnicas em países mais expostos.

gastar menos combustível carro

O que os consumidores podem fazer?

Enquanto consumidores, a margem de manobra é limitada, mas há algumas estratégias úteis:

  • Abastecer antes que os preços subam ainda mais;
  • Reduzir deslocações não essenciais;
  • Considerar medidas de eficiência energética em casa e no trabalho;
  • Para empresas, rever contratos logísticos e considerar alternativas de transporte mais eficientes.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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