A tua carteira parece um arquivo morto de 2019? Ainda tens medo de deitar fora o talão do café ou das compras do supermercado? Temos novidades: estás a perder tempo e espaço. Durante anos crescemos a ouvir a mesma frase sagrada: “Guarda o talão, nunca se sabe!”. O resultado? Hoje tens carteiras a rebentar de papelinhos amarelecidos, gavetas cheias de comprovativos de compras que já nem tens e até aquele talão gigante de um eletrodoméstico onde já nem se lê o preço. Mas afinal… em pleno 2025, as Finanças ainda dizem que tens de guardar os talões todos em papel? Ou estamos apenas a alimentar um hábito obsoleto?
Finanças: ainda é preciso guardar os talões todos em papel?
A resposta curta é: para a maioria dos casos, podes deitar tudo fora. Mas há exceções críticas que te podem custar caro se não tiveres cuidado. Vamos explicar o que é lixo e o que é ouro.

1. Para o IRS: As Finanças já não vivem na Idade da Pedra
Este é o maior mito que persiste. Muita gente ainda guarda pastas com faturas de supermercado, farmácia e oficinas “para o IRS”.
A realidade: O sistema e-Fatura e o SAF-T tornaram os talões em papel praticamente irrelevantes para o consumidor final. Hoje, no momento em que dizes “quero fatura com NIF”, essa compra é comunicada automaticamente aos servidores da Autoridade Tributária (AT).
Mesmo que o papel se desfaça, rasgue ou a tinta evapore, o registo digital está lá. Portanto, para efeitos de IRS:
Não precisas do papel.
Não precisas de digitalizar tudo.
Basta ir ao Portal e-Fatura verificar se a despesa entrou.
Atenção: Se não pediste NIF, a compra não serve para deduções de IRS de qualquer forma. Nesse caso, o talão é apenas lixo nostálgico.
2. O Perigo das Garantias (Aqui a coisa muda!)
Se há área onde o papel ainda “manda”, é nas garantias de produtos (telemóveis, TVs, eletrodomésticos). Porquê? Porque o e-Fatura diz às Finanças quanto gastaste, mas muitas vezes não diz o que compraste (número de série, modelo exato, condições da loja).
Entretanto muitas marcas e lojas continuam a exigir o comprovativo original para ativar a garantia. E aqui reside o verdadeiro problema: A tinta térmica. Sabes aquele talão que guardaste religiosamente da tua TV nova? Assim, daqui a 6 meses, vai estar branco como a neve. A tinta térmica desaparece com o calor e o tempo. Se chegares à loja com um papel em branco, a garantia pode ser recusada.

A Solução “Leak”:
Fotografa na hora: Mal recebes o talão, tira uma foto com o telemóvel.
Digitaliza: Guarda no Google Drive, iCloud ou numa pasta de e-mail. A lei permite comprovativos digitais.
Pede fatura A4: Entretanto em compras caras, pede a fatura “grande” (A4). Essa tinta não desaparece.
3. Devoluções em Loja: As regras são deles
Aqui não dependes das Finanças, dependes da política da loja. Assim se compraste uns ténis ou uma camisa e não tens a certeza se vais ficar com eles, guarda o papel. Muitas lojas de retalho ainda recusam trocas ou devoluções sem o talão físico original, especialmente para processar o estorno no multibanco. Regra de ouro: Guarda o papel até expirar o prazo de devolução (normalmente 14 a 30 dias). Depois disso? Lixo.
4. E quem tem empresa ou atividade aberta?
Se és trabalhador independente ou tens empresa, a conversa é um pouco mais séria.
Podes ter arquivo digital? Sim.
Podes deitar o papel fora? Sim, mas… Tens de garantir que o arquivo digital é organizado, legível e está disponível para inspeção. O papel não é obrigatório, mas a prova da despesa tem de existir e estar impecável.
Veredito Final: O que fazer hoje?
O mito dos talões está a morrer, mas ainda respira em situações específicas. Para limpar a tua carteira e a tua vida, segue este guia rápido:
- Compras de Supermercado/Cafés (com NIF): Confere no e-Fatura. Entrou? Lixo.
- Roupa/Bens de consumo: Passou o prazo de troca? Lixo.
- Tecnologia/Eletrodomésticos: Tira foto, guarda na cloud e mete o papel numa pasta longe do calor. Não confies na tinta do papel.
Em 2025, guardar papel “só porque sim” é um exagero. A tecnologia já substituiu 90% dessa burocracia. Usa o telemóvel a teu favor e liberta espaço na carteira.
