O golpe do intermediário: a burla que já chegou a Portugal

Comprar ou vender um carro usado devia ser um processo simples: o comprador paga, o vendedor entrega e ambos seguem satisfeitos. Mas a realidade é bem diferente quando entram em cena burlões. Um esquema muito comum no Brasil, conhecido como “golpe do intermediário”, já começou a aparecer em Portugal e está a deixar muitas vítimas em choque, sobretudo em negócios de carros usados. Este golpe é particularmente perigoso porque engana as duas partes ao mesmo tempo: o comprador e o vendedor. No final, ambos perdem e só o burlão sai a ganhar.

Como funciona o golpe do intermediário

O processo é mais engenhoso do que parece. Eis o passo a passo típico:

O criminoso copia um anúncio legítimo de um veículo usado. Usa as mesmas fotos, descrição e até o mesmo preço, publicando-o noutra plataforma ou grupo online. Depois, começa a atuar em dois lados ao mesmo tempo:

Do lado do vendedor verdadeiro, finge ser um comprador interessado e diz que um amigo ou familiar é quem vai fechar o negócio.

Do lado do comprador enganado, apresenta-se como intermediário ou proprietário do carro e convence-o a avançar.

Dessa forma, o burlão cria uma ponte falsa entre comprador e vendedor, sem que nenhum dos dois fale diretamente entre si.

Quando chega a fase do pagamento, o golpe acontece: o comprador transfere o dinheiro não para a conta do vendedor, mas sim para uma conta indicada pelo burlão. O vendedor, por outro lado, pode até entregar o veículo acreditando que já recebeu, com base num comprovativo de pagamento falso.

No fim, o comprador fica sem dinheiro e sem carro, e o vendedor sem viatura e sem pagamento.

Porque este golpe resulta tão bem

O “truque do intermediário” funciona porque explora três elementos-chave:

Confiança aparente: o comprador e o vendedor acreditam que estão a lidar com alguém credível, já que as fotos e descrições do carro correspondem a um anúncio real.

Falsa urgência: o burlão insiste em resolver rápido, cria desculpas para não se encontrarem diretamente e pressiona ambas as partes.

Falsos comprovativos: muitas vítimas acreditam ter recebido um pagamento ao verem um documento enviado pelo burlão, quando na verdade não entrou dinheiro nenhum.

Em muitos casos, as vítimas só percebem o que aconteceu quando se encontram para formalizar a venda ou a compra e descobrem que foram manipuladas.

Exemplos reais

No Brasil, este golpe já é tão comum que ganhou nome próprio. Há relatos de milhares de vítimas em transações de veículos na Webmotors e outras plataformas. Agora, começam a surgir queixas semelhantes em Portugal, sobretudo em fóruns e redes sociais.

Um utilizador português contou recentemente que quase caiu no esquema: o “comprador” insistia em pagar logo, mas não queria que ele falasse diretamente com o interessado. Só depois de alguma insistência percebeu que estava a lidar com um falso intermediário.

Como te podes proteger

A boa notícia é que, apesar de engenhoso, este golpe pode ser evitado com alguns cuidados simples:

  • Negocia sempre diretamente com o verdadeiro dono: desconfia de intermediários que dizem tratar do negócio “em nome de alguém”.
  • Nunca aceites pagamentos em contas de terceiros: o dinheiro deve ir sempre para a conta em nome do vendedor.
  • Confirma os dados antes de transferir: pede NIB/IBAN, cruza com o nome completo e certifica-te que tudo bate certo.
  • Desconfia de pressas e urgências: quem tem mesmo interesse compra ou vende com calma.
  • Marca encontros seguros: de preferência em bancos ou locais públicos, para que ambas as partes possam confirmar a operação em tempo real.

O que fazer se fores vítima

Se já foste apanhado neste esquema, é fundamental agir rapidamente:

  • Contacta o banco e pede bloqueio ou tentativa de reversão da transferência.
  • Apresenta queixa na polícia, levando todos os comprovativos e comunicações.
  • Informa a plataforma onde o anúncio foi feito, para que seja removido e para alertar outros utilizadores.
  • Guarda todas as provas: mensagens, prints, recibos e contactos.

O golpe do intermediário é mais um exemplo de como a fraude online não conhece fronteiras. Depois de se tornar um problema enorme no Brasil, já está a ganhar espaço em Portugal, sobretudo em negócios de carros usados.

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A ferver

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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