Como acontece muitas vezes, a União Europeia parece ter uma ideia muito interessante e até bastante nobre, mas depois falha desastrosamente na sua implementação. Desta vez, o problema está no tratamento de águas residuais, que além de afetar muitas outras indústrias, podem meter em risco a produção e distribuição de medicamentos genéricos.
Genéricos podem desaparecer ou ficar muito mais caros
Entretanto, a Equalmed já veio a público dizer o que muitos andavam a comentar dentro dos corredores desta indústria. Ou seja, com as novas regras, há moléculas que simplesmente vão deixar de ser viáveis.
Aqui não estamos a falar de comprimidos exóticos. Estamos a falar de medicamentos essenciais, como a metformina, usada todos os dias por milhares de portugueses com diabetes tipo 2. Segundo a Equalmed, este fármaco pode aumentar de preço em até 800%. Oito vezes mais. Por um comprimido que devia continuar barato e acessível a todos.
A culpa é dos genéricos?
Os genéricos representam 80% dos medicamentos vendidos na Europa, mas só 20% dos custos. São os que fazem o sistema (continuar a) funcionar.
A diretiva da UE aponta o dedo à indústria farmacêutica e à dermocosmética como se fossem os únicos poluidores, ignorando microplásticos, pesticidas, produtos de limpeza doméstica e tudo o resto que vai parar às águas residuais.
É uma lei feita à pressa, sem lógica nem equilíbrio. Como tal, vai afetar muita coisa sem dó nem piedade.
A bomba já rebentou? Não foi só em Portugal
Várias empresas já recorreram ao Tribunal de Justiça da União Europeia, e até a Polónia entrou em campo para travar esta medida absurda. A própria Equalmed pede apenas bom senso: ninguém está contra o ambiente, mas apontar o dedo a um único setor, e logo o que tem menos margem, é pedir o colapso de todo o sistema.
Mais uma vez, em nome da sustentabilidade, está-se a castigar quem menos pode. A pergunta agora é: quantos vão ter de deixar de tomar o que precisam, só para cumprir uma meta ambiental mal pensada?