Quem nunca sentiu aquela sensação estranha no braço, como se milhares de agulhinhas invisíveis percorressem a pele? Popularmente chamamos-lhe formigueiro, mas o termo médico é parestesia. Este fenómeno é comum, mas nem sempre é apenas uma consequência de estar sentado ou deitado numa má posição.
O que é o formigueiro?
O formigueiro acontece quando há uma interrupção temporária da comunicação entre os nervos e o cérebro. Isso pode acontecer por compressão de nervos ou redução do fluxo sanguíneo.
Quando adormeces sobre o braço, a pressão comprime nervos e vasos. Assim o cérebro deixa de receber sinais normais dessa zona.
Como resposta, interpreta estímulos falsos: dormência, agulhadas ou “correntes elétricas”.
É por isso que, ao mudar de posição, a sensação desaparece em minutos.
O cérebro a inventar sinais
Curiosamente, o formigueiro não está apenas no braço. Está também no cérebro. Quando os nervos não transmitem informação de forma correta, o cérebro “inventa” sensações para preencher esse vazio. É o mesmo mecanismo que explica fenómenos como as dores fantasmas em amputados.
Quando é normal
Na maioria dos casos, sentir formigueiro no braço é apenas um efeito da postura e não há motivo para preocupação.
Dormiste sobre o braço? Apoiaste o cotovelo por muito tempo numa mesa? Ficou comprimido durante o sono?
Tudo isto são situações normais que causam formigueiro temporário.
Quando pode ser sinal de alerta
Nem sempre o formigueiro é tão inofensivo. Se acontece frequentemente, dura vários minutos ou aparece sem motivo aparente, pode estar associado a problemas mais sérios, como:
Síndrome do túnel cárpico: compressão do nervo mediano no punho, comum em quem usa muito computador.
Hérnia discal cervical: pode comprimir nervos ligados aos braços.
Neuropatia periférica: danos nos nervos, comum em diabéticos.
Problemas circulatórios: restrição do fluxo sanguíneo pode provocar dormência recorrente.
Se o formigueiro vier acompanhado de dor, fraqueza ou perda de força na mão, é recomendável procurar um médico.
E se for no braço esquerdo?
Aqui entra uma preocupação especial: o braço esquerdo é muitas vezes associado a problemas cardíacos. Embora o formigueiro isolado raramente seja sinal de ataque cardíaco, quando surge junto com dor no peito, falta de ar ou suor excessivo deve ser levado muito a sério e requer atendimento imediato.
O impacto do estilo de vida
Vivemos cada vez mais tempo sentados ao computador ou agarrados ao telemóvel. A postura incorreta e o uso repetitivo das mãos aumentam a pressão sobre nervos e tendões. Isso explica porque o formigueiro é hoje mais comum do que há algumas décadas.
Ergonomia no trabalho, pausas regulares e alongamentos são medidas simples que ajudam a reduzir este problema.
Como prevenir o formigueiro nos braços
- Faz pausas de 5 minutos a cada hora de trabalho no computador.
- Evita dormir de barriga para baixo apoiado no braço.
- Usa cadeiras e mesas ajustadas à tua altura.
- Faz alongamentos simples para pulsos e ombros.
- Mantém uma boa circulação sanguínea com atividade física regular.
Curiosidade: porque dizemos que “o braço adormeceu”?
Entretanto a expressão popular vem exatamente da perda de sensibilidade. Tal como quando estamos a dormir profundamente e o corpo “desliga”, o braço dormente transmite essa mesma sensação. É um exemplo de como a linguagem popular traduz a ciência de forma simples.
O formigueiro nos braços é quase sempre inofensivo e resultado da postura. No entanto, quando se torna recorrente ou vem acompanhado de outros sintomas, pode ser um sinal de que algo não está bem com os nervos ou a circulação.
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