Durante anos, pensei que estava a fazer tudo certo. Chegava a casa, tirava as frutas do saco e dava-lhes uma lavagem rápida debaixo da torneira. Achava que bastava. Afinal, era só para tirar o pó e aquelas marcas da prateleira do supermercado, certo? Errado. Muito errado. Recentemente, deparei-me com uma informação que me fez repensar completamente os meus hábitos na cozinha e que pode estar a afetar a tua saúde todos os dias, sem dares por isso. A forma como lavas a fruta pode, na verdade, estar a espalhar os pesticidas pela casca… em vez de os remover.
A forma como lavas a fruta pode estar a espalhar veneno
O que está (realmente) na tua maçã?
Mesmo as frutas com melhor aspeto, mais brilhantes e “naturais”, escondem muitas vezes uma camada invisível de químicos. Segundo estudos recentes, algumas frutas podem conter resíduos de até 20 tipos diferentes de pesticidas, mesmo depois de lavadas com água da torneira.
Sabias que lavar com água fria não remove praticamente nada dos químicos usados nas plantações? E que, em alguns casos, a fricção com a mão ou esponja pode espalhar os resíduos ainda mais?
Pois. Eu também não sabia.
O erro mais comum que quase todos cometemos
A maior parte das pessoas, e eu incluía-me nesse grupo, lava a fruta como se estivesse só a tirar pó. Mas a fruta que compramos hoje, mesmo nos mercados mais “orgânicos”, pode conter resíduos de pesticidas altamente resistentes à água. São pensados para aguentar chuva, sol, transporte… e, por isso, não saem facilmente com uma simples passagem pela torneira.
Pior: se usares sabão da loiça ou detergente, corres o risco de ingerir substâncias ainda mais perigosas. Esses produtos não são seguros para consumo e deixam resíduos próprios, que também não deviam entrar no teu organismo.
Então… como se lava corretamente fruta?
Os especialistas recomendam um método bem diferente do habitual: demolhar a fruta.
Sim, como se fosses demolhar feijão. Mas com um toque mais moderno.
O truque mais eficaz, segundo um estudo da Journal of Agricultural and Food Chemistry, é mergulhar a fruta durante 15 minutos numa mistura de bicarbonato de sódio e água. Essa solução consegue quebrar e remover grande parte dos pesticidas da casca, especialmente os mais persistentes.
Como fazer:
- Enche uma taça grande com água
- Adiciona 1 colher de sopa de bicarbonato de sódio
- Mergulha as frutas (maçãs, peras, morangos, etc.)
- Deixa repousar por 12 a 15 minutos
- Enxagua com água limpa antes de guardar ou consumir
- É simples, barato e faz realmente diferença.
E a fruta que não tem casca?
Algumas pessoas pensam: “Ah, mas eu só como a banana por dentro…”. Mas mesmo aí há riscos. Ao pegar numa banana ou laranja contaminada, os resíduos de pesticida passam para as mãos e, inevitavelmente, para outros alimentos, loiça ou até diretamente para a boca.
Ou seja, lavar mesmo a fruta que vais descascar continua a ser essencial.
O que dizem os especialistas?
A Direção-Geral da Saúde já alertou para o aumento dos resíduos de pesticidas em alimentos em Portugal, especialmente frutas importadas ou produzidas em grande escala. Ainda que os níveis legais sejam respeitados, o consumo repetido e constante de pequenas doses pode ter efeitos cumulativos no organismo sobretudo em crianças, grávidas e pessoas imunodeprimidas.
Além disso, há cada vez mais estudos a relacionar certos pesticidas com distúrbios hormonais, problemas neurológicos e até alguns tipos de cancro.
Assustador? Sim. Mas evitável.
E se a fruta for biológica?
Mesmo nos alimentos com selo “bio”, o risco não desaparece por completo. As frutas biológicas podem não conter pesticidas sintéticos, mas ainda assim estão expostas a poeiras, resíduos naturais, bactérias ou até contaminações cruzadas durante o transporte e armazenamento.
Ou seja: biológica ou não, a fruta tem de ser lavada corretamente.
Uma mudança pequena com impacto gigante
Desde que mudei a forma como lavo a fruta cá em casa, ganhei um novo hábito que já faz parte da rotina. Não dá mais trabalho, nem é caro. Mas dá uma tranquilidade diferente quando vejo os meus filhos a comerem uma maçã ou uns morangos.
É um gesto pequeno, mas com implicações gigantes para a saúde a longo prazo. Afinal, se te preocupas com o que comes, também deves preocupar-te com a forma como o preparas.
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