Como é que funciona um Fora-de-Jogo quando vai ao VAR?

Este é um daqueles momentos estranhos do futebol moderno. Alguns adeptos têm esperança, outros têm raiva, mas há algo em comum para todos… É um sistema que ainda ninguém percebeu a 100%.

Um fora de jogo é binário, ou seja, ou é, ou não é. Para mim era simples, o árbitro recebia uma mensagem no relógio a dizer “Sim” ou “Não” e estava feito. As leis são claras nesse aspeto. Porém, o VAR em Portugal não é capaz de tomar decisões automáticas, porque o sistema que lhe dá vida está limitado pela tecnologia que existe no momento.

Alguém tem de fazer linhas, e alguém tem de tomar uma decisão que por vezes parece não fazer qualquer sentido.

Vamos perceber porquê?

O lado técnico do VAR em Fora-de-Jogo: entre frames e milissegundos

Poucos temas geram tanta discussão como um fora-de-jogo “milimétrico”. Meio pé, um ombro, ou até um cabelo à frente da linha… Hoje em dia, vale para anular um golo. É uma coisa que me faz mesmo muita confusão, porque joguei várias modalidades ao longo da minha vida, e é completamente impossível estar ao lado de um jogador adversário e saber se estou ou não 1cm à frente ou atrás. São coisas que não fazem grande sentido.

O que levanta a questão, afinal, como é que o VAR decide um fora-de-jogo? E, mais importante ainda, até que ponto é que esses centímetros fazem sentido?

O sistema de vídeo que o VAR utiliza trabalha com câmaras que captam 50 a 60 fotogramas por segundo. Ou seja, o sistema regista uma nova imagem a cada 16 a 20 milissegundos.

Parece algo extremamente avançado e preciso, certo? O problema é que no futebol, 20 milissegundos é uma eternidade.

Fazendo contas simples.

Um jogador a correr a 30 km/h percorre cerca de 17 centímetros entre dois frames. Isso significa que, quando o operador congela a imagem para traçar as linhas, o pé do jogador pode já estar 17 cm mais à frente ou mais atrás consoante o momento em que o sistema “apanhou” o toque na bola.

O resultado é um erro técnico inevitável, que pode transformar uma jogada legítima num fora-de-jogo por um simples movimento. Não existe precisão absoluta.

O VAR foi vendido como uma ferramenta infalível.

Na prática, é uma espécie de engenheiro cartógrafo montado num touro mecânico. Tenta desenhar linhas perfeitas sobre corpos curvos, em jogadas dinâmicas e com múltiplos ângulos de câmara.

A verdade é que, quando o sistema mostra uma linha azul e outra vermelha a separar dois jogadores por 1 centímetro, aquilo não é ciência exata. É uma interpretação baseada em imagens que, por natureza, têm margem de erro.

E se existisse uma margem de segurança?

Em vários países e competições já se fala em adotar uma “zona de tolerância” de 10 cm. Isto porque o fora-de-jogo nunca foi criado para medir pixels, mas sim para evitar vantagens claras.

No campo, 10 cm não são nada, e na realidade nenhum jogador consegue controlar o corpo com essa precisão. Uma margem mínima resolveria grande parte das polémicas e devolveria ao futebol o que o VAR lhe tirou… A emoção espontânea do golo.

Aquele festejo puro, que agora está muito mais tímido.

O VAR está a matar o futebol, tudo porque a tecnologia ainda não está no ponto, e até a própria base da ideia não faz sentido no jogo moderno.

O problema não é o VAR existir, é a forma como é aplicado.

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A ferver

Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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