Faróis pop-up: porque desapareceram (e porque todos temos saudades deles)

Há coisas que marcam uma geração. E os faróis pop-up, aquelas luzes que se levantavam do capô como se o carro piscasse o olho, são uma delas. Dos Mazda RX-7 aos Toyota Celica, dos Corvette aos Ferrari dos anos 80, ver aquelas tampinhas a abrir à noite era quase mágico. Mas um dia… desapareceram. E desde então, a frente dos carros nunca mais foi a mesma.

A magia dos faróis pop-up

Quem viveu a era dos pop-up sabe o que isso significava. Um gesto, um clique, e o carro ganhava “cara”. Era personalidade pura. Hoje, com os SUV todos iguais e cheios de luzes LED agressivas, olhar para um Miata antigo com os olhos a piscar é um pedaço de nostalgia mecânica que faz qualquer amante de automóveis sorrir.

Mas há uma pergunta que todos já fizeram: porque é que os faróis pop-up desapareceram?

A explicação técnica e legal

A resposta está numa mistura de burocracia, segurança e eficiência.

As leis de segurança dos peões mudaram. A partir dos anos 2000, a União Europeia e os EUA começaram a exigir frentes de carros mais “amigas” do impacto. E um farol metálico a saltar do capô… não é exatamente o ideal se um peão for atropelado.

Aerodinâmica e consumo.

Quando os faróis estavam levantados, o arrasto aumentava brutalmente. Mais resistência ao ar, mais ruído, mais consumo, menos estabilidade. E numa era de emissões controladas ao milímetro, isso é inaceitável.

Complexidade e custo.

Motores elétricos, eixos, mecanismos de elevação, tudo isso era um convite à avaria.
Quem teve um carro com faróis pop-up sabe o medo que era ouvir o motorzinho a falhar e ver uma luz a meio caminho, estilo “snake eyes”.

As novas tecnologias mataram o charme.

Com a chegada dos LED, xenon e luzes diurnas obrigatórias (DRL), já não fazia sentido ter faróis escondidos. A frente dos carros passou a ser o palco da assinatura luminosa das marcas.

Mas há um paradoxo curioso

Enquanto os faróis retráteis foram banidos por “razões de segurança”, o mercado encheu-se de SUVs gigantes, com frentes que parecem muralhas. Ser atropelado por um Miata com faróis levantados seria mesmo mais perigoso do que por um SUV de 2 toneladas e 1,5m de altura? Muitos entusiastas dizem que não e têm razão em levantar a questão.

Uma era que deixou saudades

Os faróis pop-up eram falíveis, caros e pouco práticos… mas tinham alma. Entretanto numa altura em que todos os carros parecem clones digitais, essa alma faz falta. O levantar suave das luzes era um ritual. Um pequeno teatro mecânico que transformava cada carro num ser vivo.

Hoje, tudo é instantâneo e previsível. Os faróis já não piscam. Já não há mistério. Só sensores, câmaras e linhas de LED. E é por isso que, sempre que vemos um RX-7, um MR2 ou um Corvette dos anos 80, algo dentro de nós desperta.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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