Em tempos de incerteza económica, encontrar um emprego é prioridade para milhares de pessoas. Infelizmente, os burlões sabem disso e exploram a fragilidade de quem procura trabalho com esquemas cada vez mais sofisticados. Um dos mais comuns e perigosos é a fraude dos falsos anúncios de emprego que pedem caução. Esta burla tem-se espalhado em sites de classificados, redes sociais e até grupos de WhatsApp e Telegram, enganando candidatos legítimos que acabam a perder dinheiro sem nunca conseguir o prometido emprego.

Como funciona o esquema

O golpe segue quase sempre o mesmo padrão:

O anúncio atrativo: vagas de emprego bem pagas, com entrada imediata e poucas exigências. Muitas vezes falam em trabalho remoto, part-time ou funções acessíveis a qualquer pessoa.

O processo rápido: o candidato envia currículo e recebe uma resposta positiva quase automática.

O pedido de caução: o “empregador” informa que é necessário um pagamento inicial para despesas administrativas, uniformes, material de trabalho ou até “seguro de formação”.

A promessa de reembolso: garantem que esse valor será devolvido no primeiro salário.

O desaparecimento: assim que a vítima paga, os supostos recrutadores desaparecem sem deixar rasto.

Porque é que resulta?

Este tipo de fraude funciona porque joga com a ansiedade e a pressa de quem procura trabalho. Alguns fatores que tornam o golpe eficaz:

Ofertas demasiado boas. Ou seja, salários acima da média para funções simples.

Urgência artificial. Para isso dizem que as vagas são limitadas e que a resposta tem de ser imediata.

Uso de marcas conhecidas. Os burlões copiam logótipos de empresas reais para dar credibilidade.

Promessas de estabilidade. “Contrato garantido”, “pagamento ao fim do mês”, tudo para tranquilizar a vítima.

Os riscos para as vítimas

Cair nesta fraude pode ter várias consequências:

Perda de dinheiro: muitas vezes quantias significativas para quem já está em situação de procura de emprego.

Roubo de dados pessoais: ao enviar currículo e documentos, a vítima expõe informações que podem ser usadas em outras burlas.

Falsa esperança: além do prejuízo financeiro, há o impacto emocional de acreditar numa oportunidade que não existe.

Como identificar um anúncio falso

Há sinais claros que podem ajudar a distinguir uma oferta real de uma burla:

Pedir dinheiro adiantado. Assim nenhum empregador legítimo exige caução para contratar. Também a comunicação apressada como respostas automáticas, pouco personalizadas, muitas vezes com erros ortográficos.

Falta de contrato formal é outro dos indícios sobretudo quando não enviam documentos legais, apenas mensagens informais. E-mails suspeitos também em que se utilizam endereços genéricos como Gmail ou Yahoo em vez de domínios corporativos.

Promessas demasiado boas: salários altos para funções simples, vagas sem entrevista ou sem requisitos.

Como te protegeres

Nunca pagues cauções ou taxas para conseguir um emprego.

Pesquisa sobre a empresa e confirma se a vaga está no site oficial.

Desconfia de urgências uma vez que um recrutamento sério não exige resposta imediata com pagamento.

Entretanto verifica contactos. Liga diretamente para a empresa para confirmar a oferta.

Denuncia sempre. Se encontrares anúncios suspeitos, reporta às autoridades e à plataforma onde foi publicado.

A fraude dos falsos anúncios de emprego que pedem caução é um golpe cruel porque atinge pessoas em momentos de vulnerabilidade. Se há uma regra de ouro para evitar este tipo de burla, é simples: emprego nunca se compra.

Sempre que alguém pedir dinheiro para garantir uma vaga, o mais certo é seres vítima de um esquema. Mantém a atenção, partilha esta informação com familiares e amigos, e ajuda a travar a propagação desta fraude que já enganou demasiada gente em Portugal.