É um gesto quase automático: estamos nervosos, concentrados ou simplesmente entediados, e lá vai mais um “crack” nas articulações dos dedos. Para muitos, é um hábito diário; para outros, é um som insuportável de ouvir. Mas afinal, o que acontece realmente quando estalamos os dedos? E será que este hábito pode causar problemas de saúde Durante décadas, o estalar os dedos foi cercado de mitos e polémicas. Alguns diziam que provocava artrite, outros que era apenas uma mania inofensiva. A ciência decidiu investigar e os resultados são surpreendentes.
O que acontece dentro da articulação
Quando estalas os dedos, não estás a partir ossos nem a “gastar” as articulações. O que realmente acontece é um fenómeno dentro do líquido sinovial, que lubrifica as articulações.
- As articulações são formadas por ossos, cartilagem e líquido sinovial.
- Quando puxas ou dobras o dedo de forma brusca, crias uma pressão negativa.
- Essa pressão faz com que pequenas bolhas de gás no líquido colapsem ou se formem rapidamente.
O som do estalo é o resultado desse fenómeno físico.
Portanto, o famoso “crack” não vem dos ossos a partirem-se, mas sim do movimento do líquido e do gás no interior da articulação.
Porque sentimos alívio depois do estalo?
Muitas pessoas descrevem uma sensação de alívio ou relaxamento após estalar os dedos. Isso acontece porque o movimento reduz temporariamente a pressão na articulação e estimula os receptores nervosos locais.
O cérebro interpreta essa mudança como uma sensação agradável quase como quando alongamos o corpo depois de muito tempo sentados.
Estalar os dedos causa artrite?
Aqui está a grande questão que gera discussões há décadas. Durante muito tempo, acreditou-se que estalar os dedos podia causar artrite ou deformações nas mãos. Mas os estudos científicos não confirmam essa ideia.
Um dos casos mais curiosos foi o do médico Donald Unger, que durante mais de 60 anos estalou os dedos de uma mão todos os dias, deixando a outra intacta. No fim da experiência, não havia qualquer diferença entre as duas mãos em termos de artrite.
Conclusão: não há evidências de que estalar os dedos provoque artrite.
Mas então é 100% inofensivo?
Nem tanto. Apesar de não estar associado à artrite, o hábito pode trazer outros problemas quando é exagerado:
- Irritação dos tecidos moles à volta da articulação.
- Perda de forças se houver repetição constante.
- Pequenos inchaços ou sensação de instabilidade nos dedos.
Ou seja: não vai deixar as mãos deformadas, mas também não é totalmente inocente se feito compulsivamente.
Porque incomoda tanto quem ouve?
Curiosamente, o estalar dos dedos é um som que gera repulsa em muitas pessoas, mesmo que não estejam envolvidas no gesto. Estudos sugerem que isso acontece porque o som é percebido pelo cérebro como semelhante a ossos a partirem-se, gerando uma reação instintiva de desconforto.
É quase como o ranger de unhas num quadro, um estímulo auditivo que ativa zonas de aversão no cérebro.
O hábito como válvula de escape
Para muitos, estalar os dedos é mais do que uma ação física: é um ritual psicológico. Está ligado a momentos de stress, concentração ou ansiedade. Tal como roer as unhas ou mexer no cabelo, funciona como uma válvula de escape.
O problema é quando o gesto se torna automático e incontrolável, entrando na categoria de comportamento compulsivo. Nesses casos, pode ser sinal de que o corpo procura uma forma rápida de aliviar tensão acumulada.
Como reduzir ou parar o hábito
Se queres evitar estalar os dedos, há algumas estratégias úteis:
Alongar regularmente: o alívio que procuras ao estalar os dedos pode ser conseguido com alongamentos simples.
Exercícios de relaxamento: técnicas como respiração profunda ou stress balls podem substituir o gesto.
Consciência do hábito: muitas vezes fazemos sem pensar; estar atento é o primeiro passo para mudar.
Atividade física: melhora a saúde articular e reduz a necessidade de “descompressão”.
Curiosidade: estalar outras articulações
Não são só os dedos. Joelhos, tornozelos e até o pescoço podem produzir sons semelhantes. Nestes casos, os estalos podem-se provocar por tendões a deslizar sobre ossos ou por pequenas bolhas de ar mecanismos diferentes, mas igualmente comuns e, na maioria das vezes, inofensivos.
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