Há semanas que o FBI tem vindo a alertar para uma alegada campanha de pirataria informática contra as grandes empresas de telecomunicações dos EUA. Grupos potencialmente ligados ao governo chinês estão alegadamente a tentar aceder a informações confidenciais que podem pôr em risco a segurança nacional dos americanos. Num novo desenvolvimento, um alto funcionário dos Estados Unidos recomenda a todos que recorram à encriptação no caso de intrusões chinesas.
Quando o FBI denunciou o ataque da China há semanas, a agência disse que a campanha estava em curso há pelo menos oito meses. As autoridades acreditam que continua a haver infiltração de grupos chineses nas infraestruturas de telecomunicações do país. Washington reuniu-se com especialistas em cibersegurança e com executivos de operadoras móveis para abordar a situação.
Entretanto, Jeff Greene, funcionário da Agência de Segurança Cibernética e de Infra-estruturas dos EUA, recomendou aos americanos que utilizem a encriptação nas suas telecomunicações sempre que possível. O funcionário disse frases como “a encriptação é sua amiga” e “o nosso conselho é evitar a utilização de texto simples”. Existem atualmente várias plataformas que oferecem chamadas e mensagens encriptadas. A lista inclui o Telegram, o WhatsApp e o Signal, entre outros.
É de salientar que os serviços de segurança norte-americanos não sabem quanto tempo será necessário para expulsar completamente os presumíveis atacantes das redes dos EUA. “Seria impossível para nós prever quando teremos a expulsão completa”, disse Greene.
A mudança radical de posição do governo dos EUA em relação à encriptação
O conselho de Greene oferece pistas sobre a gravidade da alegada infiltração chinesa nas operadoras americanas. Até há poucos anos, a posição de Washington em relação à encriptação era bastante diferente. O governo era a favor da eliminação dessas barreiras com o argumento de que dificultavam as investigações relacionadas com a segurança nacional.
Na altura, o diretor do FBI, Chris Wray, chegou a descrever a encriptação como “uma questão urgente de segurança pública”. Assim o governo também tentou que a Apple quebrasse a encriptação dos dispositivos iPhone no meio de investigações criminais, o que a empresa recusou fazer. Evidentemente, a nova postura do governo é radicalmente diferente – e muito melhor.
De acordo com o FBI, os ataques da China têm como alvo altos funcionários dos EUA e canais de comunicação das forças da ordem. Assim até os últimos candidatos presidenciais e a sua equipa de campanha estiveram em risco. A violação poderia ter permitido o roubo de registos de chamadas e SMS. Os piratas informáticos podem mesmo ter interceptado chamadas em curso a partir da tecnologia pirateada.
Entretanto, a China mantém uma posição contrária às afirmações do FBI. Pequim “opõe-se firmemente e combate os ciberataques e o ciberroubo sob todas as formas”, segundo os funcionários.
De facto este conselho dos Estados Unidos sobre a encriptação é válido para todos.
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