Quando pensamos num dia de praia, imaginamos o som das ondas, a areia quente e, por vezes, aquela espuma branca que se acumula na beira-mar. À primeira vista, parece algo totalmente natural. Mas a verdade é que nem sempre essa espuma é inofensiva. Em alguns casos, pode ser um sinal claro de poluição ou até mesmo de risco para a saúde.
Nem toda a espuma é “do mar”
A espuma natural forma-se quando o movimento das ondas agita partículas orgânicas em decomposição, como algas, plâncton e restos de plantas marinhas. Este processo é comum e, geralmente, não representa perigo. Contudo, há situações em que a espuma é resultado de algo muito menos saudável: poluentes químicos, resíduos industriais, escoamento de águas contaminadas e até detergentes domésticos que chegam ao mar através dos rios.
Estas substâncias, ao misturarem-se com a água, reduzem a tensão superficial, facilitando a formação de bolhas que permanecem estáveis por mais tempo. O resultado? Uma espuma densa, persistente e, por vezes, com cores e odores estranhos.
O perigo escondido das marés vermelhas
Um dos cenários mais preocupantes associados à espuma do mar é a ligação com os chamados florescimentos de algas nocivas, mais conhecidos como “marés vermelhas”. Apesar do nome, nem sempre a água adquire tom vermelho; pode, na verdade, apresentar tonalidades acastanhadas, verdes ou até douradas.
Estas algas libertam toxinas que, além de matarem peixes e outros organismos marinhos, podem provocar reações alérgicas e problemas respiratórios em banhistas. O consumo de marisco contaminado com estas toxinas é particularmente perigoso, podendo causar intoxicações alimentares graves e, em casos extremos, fatais.
Como reconhecer espuma potencialmente perigosa
Identificar se a espuma do mar representa risco nem sempre é simples, mas há sinais que não devem ser ignorados:
- Cheiro intenso e desagradável, semelhante a detergente, esgoto ou produtos químicos.
- Cor anormal, como tons amarelados, acastanhados ou com manchas escuras.
- Textura pegajosa ou presença de resíduos oleosos.
- Presença de lixo preso na espuma, como plásticos ou restos orgânicos estranhos.
Se notar algum destes sinais, o mais seguro é evitar entrar na água.
Por que a atenção deve ser redobrada no verão
Os meses mais quentes favorecem tanto o florescimento de algas como o aumento da poluição costeira, devido ao maior movimento de turistas e embarcações. Além disso, períodos de chuva intensa podem arrastar poluentes urbanos e agrícolas para o mar, aumentando o risco de formação de espuma contaminada.
O que fazer se encontrar espuma suspeita
Se estiver numa praia e perceber espuma de aspeto ou cheiro suspeito:
- Evite o contacto direto com a água.
- Informe a autoridade marítima local ou a câmara municipal.
- Verifique se a praia possui sinalização de “interdita a banhos”.
- Em caso de contacto acidental, lave-se com água limpa e, se sentir irritação ou sintomas respiratórios, procure atendimento médico.
Nem toda a espuma que vemos no mar é um simples fenómeno natural. Em certos casos, pode ser um alerta visível de que a água está contaminada e representa risco para a saúde. O melhor conselho é simples: se a água não parece limpa, não arrisque.