Já pensaste que cada vez que escreves no computador, o som das teclas pode estar a denunciar o que digitas? Parece ficção científica, mas é uma realidade: investigadores já provaram que, com a ajuda de inteligência artificial, é possível reconhecer palavras e frases apenas pelo som do teclado. Assim, o que parecia um mito tornou-se uma preocupação séria no mundo da cibersegurança. Mas é realmente possível espiar pelo som do teclado?
Como funciona a espionagem pelo som
Cada tecla do teclado tem um som ligeiramente diferente, dependendo da sua posição e da força aplicada. Para os nossos ouvidos, os cliques soam iguais. Mas para sistemas de IA treinados, existem padrões distintos que permitem distinguir, por exemplo, um “A” de um “L” ou um “Enter”.
Um estudo recente conseguiu atingir mais de 90% de precisão ao analisar gravações de áudio de pessoas a escrever. Isto significa que, em ambientes silenciosos, um simples microfone pode transformar-se num “leitor invisível” do que estás a escrever.
Microfones estão em todo o lado
O risco cresce porque, hoje em dia, praticamente tudo tem microfones:
- Telemóveis na secretária.
- Portáteis com câmara e micro incorporado.
- Colunas inteligentes como Alexa ou Google Home.
- Até câmaras de vigilância em escritórios.
Na prática, um atacante que consiga aceder a um destes dispositivos pode captar áudio suficiente para tentar decifrar o que estás a escrever.
Que informações podem ser apanhadas
Palavras-passe: o alvo mais óbvio e perigoso. Também mensagens privadas: e-mails, chats, documentos de trabalho. Do mesmo modo dados bancários como números de cartão, IBAN, referências MB.
É assustador pensar que tudo isto pode ser deduzido apenas com base no som.
Limites e dificuldades de espiar pelo som do teclado
Nem tudo é tão simples como parece. Para este tipo de ataque ser eficaz, é preciso:
- Um ambiente relativamente silencioso.
- Uma boa gravação de áudio.
- Um modelo de IA treinado para aquele teclado específico.
Ou seja, não é algo que qualquer hacker consiga fazer do nada. Mas o facto de ser possível levanta enormes preocupações de segurança, principalmente em contextos corporativos e governamentais.
O que podes fazer para te proteger
Ainda que não exista uma solução perfeita, há formas de reduzir riscos:
- Evita escrever dados críticos em locais públicos (cafés, bibliotecas).
- Usa autenticação multifator (MFA): mesmo que apanhem a tua password, não conseguem entrar.
- Considera teclados virtuais em situações delicadas (ex.: homebanking).
- Revê as permissões de microfones no teu portátil e telemóvel.
A linha ténue entre ficção e realidade
Há poucos anos, isto parecia cena de filme. Hoje, é uma técnica comprovada em estudos académicos e já discutida em conferências de cibersegurança. Não se sabe até que ponto está a ser usada em larga escala, mas os especialistas avisam: a espionagem não precisa de estar à tua frente para acontecer.
Se até o som do teclado pode denunciar-nos, é sinal de que vivemos numa era onde a privacidade está constantemente em risco.
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