Esperar 2 ou 3 anos por 8 episódios? Ganhem juízo!

As séries modernas estão a matar a paciência dos espectadores, e começa a ser algo completamente sem noção. É desesperante.

Se calhar já não te lembras porque o mundo do streaming mudou a forma como consumimos conteúdo. Mas houve um tempo em que isto não era sequer tema de discussão. Uma série acabava uma temporada e, passado um ano, lá estava a próxima. Às vezes até mais cedo.

Hoje, a realidade é outra, e cada vez mais absurda.

Esperar 2 ou 3 anos por 8 episódios? Ganhem juízo!

Estamos a falar de séries que entregam 6, 8 ou 9 episódios… e depois desaparecem durante dois, três ou até quatro anos. E não, isto não é normal. Tornou-se normal porque aceitámos que fosse.

Por exemplo, Pluribus terminou agora no dia 24 de Dezembro na Apple TV, foi uma série que se sentiu como uma lufada de ar fresco, e agora… Bem… Sabe-se lá quando volta com uma segunda temporada.

É irritante, porque vou estar preso ao final do último episódio durante imenso tempo, e isto está sempre a acontecer. Severance demorou mais de 3 anos a voltar, e ninguém sabe muito bem se a terceira temporada não vai ser uma repetição desse bombom.

Antes fazia-se muito mais, com muito menos

Basta olhar para trás para perceber o quão estranho isto é.

Breaking Bad teve 13 episódios por ano, e Better Call Saul conseguiu manter várias temporadas anuais. Ambas as séries saídas da mente de Vince Gilligan, o mesmo responsável por Pluribus.

Além destes exemplos, Star Trek TNG chegou a ter 26 episódios por temporada. Buffy, Supernatural, Doctor Who… tudo séries com efeitos especiais, histórias complexas e produção contínua. Tivemos também Dr. House, Friends, How i Met Your Mother, etc… Nunca foi normal esperar 2 ou 3 anos por uma nova temporada. Nem sequer faz sentido, porque uma série não é um filme, precisa de continuidade.

Aliás, eu já desisti de várias séries, porque a nova temporada chega ao mercado, eu já não me lembro de quase nada, e já não tenho vontade ou sequer paciência para voltar atrás.

Sim, hoje em dia podemos dizer que as produção estão superiores, porque há mais qualidade em tudo. Uma série moderna parece mais um filme que uma série episódica. Mas… Eu não quer saber.

Não eram perfeitas, claro. Mas existiam. Tinham ritmo. Criavam hábito.

Hoje, temos temporadas minúsculas que parecem eventos raros, quase como filmes de luxo.

Infelizmente, o streaming mudou as regras… para pior.

A grande viragem aconteceu quando o modelo de streaming tomou conta da indústria.

Ou seja, em vez de contratos longos, elencos fixos e equipas estáveis, passou-se para contratos por temporada. Uma de cada vez. Sem garantias. Sem continuidade. Há medo de perder dinheiro.

Resultado? Como é preciso ganhar dinheiro, os atores vão fazer outros projetos. Os realizadores desaparecem. E os argumentistas reescrevem tudo de raiz anos depois. E a série fica parada à espera que toda a gente tenha agenda ao mesmo tempo.

É má gestão.

O espectador também está a desistir

Como disse em cima, há um efeito colateral óbvio.

As pessoas esquecem-se das séries. Perdem o fio à história. Já não têm paciência para recaps de 40 minutos antes de ver um episódio novo. E, muitas vezes, simplesmente abandonam.

Quantas séries deixaste cair porque já nem te lembravas bem do que se passava?

Conclusão: isto não é inevitável, é uma escolha

Esperar três anos por oito episódios não é sinal de qualidade. É sinal de um modelo que não faz sentido. Claro que as séries não precisam de voltar às 24 temporadas por ano. Mas precisam de encontrar um meio-termo. Porque, neste ritmo, o entusiasmo morre muito antes da próxima estreia.

Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

Em destaque

Leia também