Cada vez mais portugueses fazem compras online em sites internacionais. É fácil: um clique e o produto vem da China, dos EUA ou de qualquer parte da Europa. Mas junto com essa comodidade surgiu uma fraude que já está a circular em Portugal há algum tempo: a burla das encomendas “presas na alfândega”. À primeira vista parece apenas um aviso burocrático. Na prática, pode ser o início de uma armadilha que já custou centenas de euros a vítimas distraídas.
Como funciona a burla das encomendas presas na alfândega?
O esquema é engenhoso porque se aproveita de algo que muita gente já experienciou: atrasos alfandegários.
Assim o consumidor recebe uma SMS ou email a dizer que a sua encomenda ficou retida na alfândega. A mensagem tem logótipos de transportadoras conhecidas (CTT, DHL, FedEx) e parece oficial.
Para desbloquear a entrega, é pedido o pagamento de uma “taxa de desalfandegamento” ou “taxa de processamento”.
O link encaminha para uma página falsa, quase idêntica ao site da transportadora. A vítima paga a taxa… mas o dinheiro vai direto para a conta do burlão.
Resultado? A encomenda nunca aparece e, em alguns casos, os dados do cartão ficam comprometidos para novas fraudes.
Porque é tão convincente
Esta burla funciona porque imita um problema real. Qualquer pessoa que já tenha feito compras fora da União Europeia sabe que a alfândega pode atrasar entregas e cobrar taxas. Ao usar essa expectativa, os burlões conseguem passar despercebidos.
Além disso:
- Usam português correto e mensagens bem estruturadas.
- Os links falsos têm endereços muito parecidos com os originais.
- Muitas mensagens chegam na mesma altura em que o cliente realmente está à espera de uma encomenda.
Casos já reportados em Portugal
O Portal da Queixa já registou dezenas de denúncias em 2025 de consumidores que receberam SMS supostamente dos CTT a pedir taxas de 1,50€ a 5€. Alguns pagaram e só depois perceberam que a página era falsa. Outros introduziram dados bancários e viram movimentos estranhos dias depois.
Entretanto há relatos de burlões que continuam a enviar novas mensagens após a primeira tentativa, tentando arrancar valores cada vez maiores.
Como identificar a fraude
- Desconfia de valores muito baixos: a alfândega raramente cobra apenas 1€ ou 2€.
- Olha para o link: se não for domínio oficial (.pt ou .com da transportadora), é burla.
- Repara no remetente: mensagens genéricas como “Correios” ou “Expresso” são suspeitas.
- Confirma sempre no site oficial usando o código de rastreio da encomenda.
O que fazer se receberes uma destas mensagens
Não cliques no link. Entretanto apaga a mensagem depois de a reportares à polícia ou à transportadora. Em simultâneo verifica o estado da encomenda apenas pelo site oficial ou app da transportadora.
Se já pagaste, contacta imediatamente o banco para cancelar o cartão ou bloquear movimentos.
Como funciona a alfândega de verdade
Para não seres enganado, é importante saber:
Quando uma encomenda fica presa na alfândega, recebes uma carta oficial ou notificação via CTT Expresso.
O pagamento é feito diretamente na plataforma oficial dos CTT ou da transportadora.
Nunca és obrigado a pagar através de links enviados por SMS.
Se o contacto não seguiu este procedimento, é fraude.
A burla das “encomendas presas na alfândega” é perigosa porque joga com a ansiedade e a pressa de quem está à espera de um pacote. Parece uma pequena taxa de 2€ ou 3€, mas pode ser o início de um roubo muito maior.
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