A Microsoft está a mexer numa das partes mais sensíveis do Windows 11: os drivers. A empresa quer subir a fasquia de segurança e fiabilidade e, ao mesmo tempo, tirar o máximo possível de código do coração do sistema operativo, o famoso kernel. Em linguagem simples: os drivers do Windows 11 vão ter muito mais dificuldades em entrar no sistema e, nos próximos anos, grande parte da lógica que hoje corre “colada” ao Windows vai passar para zonas mais seguras. Tudo isto depois do desastre da CrowdStrike em 2024, que deixou milhões de PCs em ecrã azul por causa de um único driver com acesso ao kernel.
O que é que a Microsoft está realmente a mudar?
Segundo o que a própria Microsoft o plano passa por três grandes frentes:
Assinatura de drivers muito mais exigente
A partir de agora, para um driver ser assinado e considerado “oficial” no Windows 11, vai ter de passar por um conjunto de testes extra focados em segurança e resiliência. A ideia é reduzir drasticamente o número de drivers que conseguem crashar o sistema inteiro.
Mais drivers “de origem” no Windows
O Windows 11 vai passar a trazer mais drivers incluídos de fábrica (os chamados in-box drivers) e novas APIs para que fabricantes usem componentes padrão, em vez de inventarem sempre drivers próprios ao nível do kernel.
Menos código a correr dentro do kernel
A Microsoft quer que, ao longo dos próximos anos, haja uma redução significativa de drivers a correr em modo kernel em categorias como rede, câmaras, USB, impressoras, baterias, armazenamento e áudio. Em muitas situações, a lógica destes drivers deve passar para user mode, onde erros são bem menos graves.

Kernel vs user mode: porque é que isto interessa?
O kernel é, basicamente, o “cérebro” do Windows. Se algo corre ali dentro e corre mal, o resultado é quase sempre o mesmo: ecrã azul e o PC a reiniciar.
Hoje em dia, muitos drivers ainda vivem no kernel: antivírus, soluções de segurança, drivers de rede, armazenamento, etc. Foi precisamente esse nível de acesso que tornou o bug da CrowdStrike tão destrutivo em 2024: um único ficheiro mal validado foi suficiente para mandar abaixo cerca de 8,5 milhões de máquinas Windows em todo o mundo.
Ao mover drivers para user mode (fora do kernel) e ao usar mais componentes padrão do próprio Windows, a Microsoft consegue:
- limitar o impacto de um bug a uma app ou processo, em vez de ao sistema inteiro;
- controlar melhor o que cada driver pode ou não fazer;
- isolar falhas e recuperar mais depressa.
Menos drivers “manhosos” dos fabricantes, mais standard do Windows
Outra parte importante do plano passa por substituir drivers proprietários dos OEMs (portáteis, impressoras, placas, etc.) por drivers standard fornecidos pela própria Microsoft.
Na prática, isto significa:
- Menos “centros de controlo” cheios de bloatware só para controlar uma impressora ou câmara.
- Menos drivers obscuros, difíceis de atualizar e que ficam esquecidos durante anos.
- Um Windows mais “limpo”, com menos lixo a arrancar em segundo plano.
Os fabricantes continuam a poder inovar, mas, sempre que houver um driver “de origem” no Windows que faça o mesmo, a mensagem é clara: usem esse em vez de inventarem outro kernel driver à parte.
E os drivers de antivírus, gráficos e outros “pesados”?
A Microsoft não vai matar todos os drivers de kernel de um dia para o outro. A empresa já confirmou que os drivers gráficos, por exemplo, vão continuar em modo kernel, tal como outros casos em que o Windows não tem drivers próprios equivalentes.
Mas mesmo aí vão existir mais “rails de segurança”:
Novas proteções no compilador, para limitar o comportamento dos drivers.
Isolamento de drivers, para que uma falha fique contida e não derrube o sistema todo.
DMA remapping, para impedir que um driver aceda de forma descuidada à memória do kernel.
O que muda para ti, utilizador de Windows 11?
No dia a dia, pode não parecer revolucionário, mas o objetivo é muito claro:
- Menos ecrãs azuis provocados por drivers de terceiros;
- Menos conflitos causados por drivers antigos ou mal escritos;
- Atualizações mais seguras.
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