Para muitas pessoas, tomar banho à noite e ir direto para a cama com o cabelo molhado parece inofensivo. É rápido, cómodo e evita perder tempo de manhã. Mas a verdade é que este hábito, repetido noite após noite, pode ter consequências que vão muito além de “acordar com o cabelo despenteado”. Nos últimos anos, dermatologistas, cabeleireiros e especialistas em saúde têm alertado para os efeitos que dormir com o cabelo molhado pode ter tanto na saúde capilar como no bem-estar geral. E embora não se trate de um perigo imediato, a acumulação destes efeitos pode surpreender-te.
O impacto no couro cabeludo
O couro cabeludo é pele e como qualquer pele, reage à humidade e à temperatura. Dormir com o cabelo molhado mantém a zona húmida durante horas, criando um ambiente perfeito para proliferação de fungos e bactérias.
Isto aumenta o risco de problemas como:
- Dermatite seborreica (caspa mais intensa e persistente)
- Foliculite (inflamação dos folículos capilares)
- Coceira e vermelhidão
Além disso, a fricção com a almofada enquanto o cabelo está húmido pode causar pequenas lesões invisíveis no couro cabeludo, abrindo portas para irritações.
Cabelo mais frágil e propenso a danos
O cabelo é mais vulnerável quando está molhado. As cutículas a camada externa que protege cada fio ficam mais abertas, o que facilita a quebra. Durante o sono, cada movimento da cabeça pressiona e torce os fios contra a fronha, multiplicando o risco de:
- Pontas espigadas
- Quebra capilar
- Perda de brilho
Se este hábito for diário, a qualidade do cabelo pode degradar-se visivelmente ao fim de poucos meses.
Risco para a pele do rosto
Parece estranho, mas dormir com o cabelo molhado pode também afetar a pele da cara. A fronha torna-se mais húmida, o que favorece o desenvolvimento de bactérias. Se tens tendência para acne, rosácea ou pele sensível, esta humidade extra pode agravar o problema.
O mito da constipação
Uma das crenças mais comuns é que dormir com o cabelo molhado provoca constipações. Na verdade, constipações são causadas por vírus, não por temperatura ou humidade. No entanto, sentir frio ao adormecer pode afetar o sistema imunitário e deixar-te mais vulnerável a infeções especialmente se já estiveres cansado ou com defesas baixas.
O papel da fronha
O tipo de fronha que usas também influencia o impacto deste hábito. Fronhas de algodão absorvem mais água, mantendo-se húmidas por mais tempo. Isso não só aumenta o risco de fungos e bactérias, como prolonga o contacto com a humidade. Fronhas de seda ou cetim absorvem menos água, mas não eliminam o problema.
Como minimizar os riscos se não quiseres mudar
Nem toda a gente está disposta a secar o cabelo antes de dormir. Se não queres abdicar do banho noturno, há formas de reduzir os danos. A primeira é secar pelo menos 70% do cabelo com toalha ou secador antes de te deitares. Também podes usar uma fronha limpa e trocar mais vezes (2 a 3 vezes por semana). Ao mesmo tempo evita prender o cabelo molhado com elásticos apertados. Por outro lado, usar fronhas de seda ou cetim para reduzir fricção.
Alternativas para manter a rotina
Se o teu objetivo é evitar perder tempo de manhã, experimenta:
- Lavar o cabelo mais cedo à noite e deixá-lo secar ao natural antes de te deitares.
- Optar por lavagens matinais rápidas, com secagem parcial e styling rápido.
- Usar champô seco como solução temporária para espaçar as lavagens.
A longo prazo, faz diferença
Pode não parecer grave numa ou duas noites, mas o impacto cumulativo de dormir constantemente com o cabelo molhado é real. Menor resistência dos fios, couro cabeludo mais sensível e até problemas de pele são consequências possíveis. E tal como acontece com outros hábitos “inofensivos”, é a repetição que dita os danos.
Entretanto dormir com o cabelo molhado não vai causar uma crise de saúde imediata, mas também não é tão inocente quanto parece. Assim pequenas alterações à tua rotina como secar parcialmente o cabelo, mudar o tipo de fronha ou ajustar a hora do banho podem fazer uma grande diferença na saúde do teu cabelo, couro cabeludo e pele. No final, é um daqueles casos em que prevenir é muito mais fácil (e barato) do que reparar os danos.
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