Há uns meses comecei a sentir uma dor estranha no pescoço e nos ombros. Achei que era da cadeira, da cama ou da mudança de tempo. Mas quanto mais o tempo passava, mais percebia que havia um padrão: sempre que passava horas ao telemóvel, as dores voltavam. Foi aí que percebi que não era apenas cansaço e o meu telemóvel podia estar a ser o culpado. E acredita, não sou o único. Milhares de pessoas estão a sofrer de dores musculares sem sequer imaginar que o telemóvel é o grande responsável.
O “Text Neck”: a doença moderna do telemóvel
Existe até um nome para este problema: “Text Neck”, ou seja, pescoço de mensagens. O termo descreve a tensão e inflamação que surge quando passamos horas inclinados a olhar para o ecrã.
Pensa nisto: cada vez que baixas a cabeça para escrever no WhatsApp, o peso que o teu pescoço suporta pode ser equivalente a 20 a 25 quilos. É como se andasses constantemente com uma mochila às costas… mas sem te aperceberes.
E claro, isto não se fica só pelo pescoço. Ombros, costas e até os pulsos acabam por sofrer com este hábito.
Porque é que o telemóvel é tão “silenciosamente perigoso”?
Postura errada prolongada: passamos horas inclinados, muitas vezes sem intervalos.
Movimentos repetitivos: deslizar no ecrã, escrever mensagens, segurar o telefone sempre da mesma forma.
Uso noturno: deitado na cama, torcendo o pescoço ou levantando demasiado os braços.
Sedentarismo escondido: quando estamos no telemóvel, deixamos de nos mover e o corpo ressente-se.
O resultado? Dores musculares que parecem “sem causa aparente”, mas que vêm deste pequeno aparelho que carregamos para todo o lado.
Os sintomas que não deves ignorar
Se te identificas com alguns destes sinais, talvez o telemóvel esteja a ser o culpado:
- Rigidez no pescoço ao acordar ou ao fim do dia.
- Dor nos ombros depois de longas chamadas ou maratonas de scroll.
- Formigueiro nos braços ou nas mãos (resultado da compressão nervosa).
- Cefaleias frequentes que começam na nuca e irradiam para a testa.
Muita gente confunde isto com “stress” ou má postura na cadeira… mas a verdade é que o telemóvel tem uma grande fatia de culpa.
O que podes fazer para te proteger
A boa notícia? Não precisas de deixar o telemóvel apenas de mudar alguns hábitos. Eis o que os especialistas recomendam:
- Levanta o telemóvel à altura dos olhos em vez de baixares a cabeça.
- Faz pausas regulares: 5 minutos sem telemóvel por cada 30 de uso.
- Exercícios simples: rotações de ombros, alongamentos de pescoço e braços.
- Usa auriculares ou viva-voz em chamadas longas, para não ficares inclinado.
- Evita usar o telemóvel deitado na cama ou sentado na casa de banho.
Parece pouco, mas ao fim de dias já sentes diferença.
A verdade que ninguém te diz
Vivemos colados ao telemóvel, mas raramente pensamos nas consequências físicas. O que antes era uma dor “de velhice” agora atinge cada vez mais jovens e está diretamente ligado às horas que passamos a deslizar no ecrã.
Não é apenas uma questão de conforto. Ignorar estas dores pode levar a problemas mais sérios: hérnias cervicais, compressão nervosa e até limitações de mobilidade.
As tuas dores musculares podem não vir da cama, da cadeira do escritório ou até do ginásio. Podem vir, sim, do teu telemóvel. A tecnologia mudou a forma como vivemos, mas também trouxe novos desafios para o nosso corpo. Reconhecer isso é o primeiro passo para não deixar que um objeto de poucas gramas se torne numa fonte constante de dor.
Da próxima vez que sentires o pescoço preso, olha para as tuas mãos. Provavelmente a resposta está mesmo aí: no pequeno ecrã que nunca largamos.
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