Caso não se lembre, temos várias fabricantes Chinesas além da BYD a entrar no mercado Português. A Dongfeng é uma delas, a chegar a Portugal pela mão do Grupo Salvador Caetano. Aliás, quando a Dongfeng entrou, também trouxe consigo outras marcas dentro do mesmo grupo. Porém, entre o luxo da Voyah e o estilo radical da M-Hero, foi o pequenote Box que mais chamou a atenção do público Português.
Afinal de contas, o Box é um carro pensado para o mercado real, para o comum condutor que apenas precisa de ir do ponto A para o ponto B, e que até acha piada à revolução elétrica. As razões são simples, está bem equipado, é bonito, é até bastante espaçoso para o seu segmento, e talvez mais importante que tudo isto, tem um preço que faz sentido.
Sim, o Dongfeng Box custa cerca de 27 mil euros, o que não é propriamente “preço low-cost”. Porém, tendo em conta que é elétrico, tem bastante espaço e até não “aleija” a vista, a verdade é que fica bem posicionado num mercado que ainda tem muito que crescer e evoluir.
Pequeno? Sim, mas longe de ser um brinquedo.
Antes de mais nada, tenho de dizer que o Box impressionou. Não estava mesmo com grandes expetativas, e de facto, este automível não é nenhum exemplo tecnológico, ou do dinamismo automóvel. Ainda assim, gostei muito da experiência, e acredito que é uma boa alternativa para quem quer começar no mundo 100% elétrico. Isto com um modelo mais simples, mas nem por isso aquém das expetativas daquilo que um carro de 2025 deve significar.
Dito isto, relativamente ao carro propriamente dito, o Box mede pouco mais de 4 metros de comprimento e 1,80 de largura. Curioso, porque na estrada parece mais pequeno, graças a um design minimalista e a proporções invulgares. Tem um ar simpático e urbano, com direito a alguns detalhes interessantes como são as portas sem moldura, um pormenor raro nesta gama de preços.
Entretanto, lá dentro, o Box também surpreende. Não pela tecnologia, que achei apenas “decente”, mas sim pela qualidade de construção e espaço disponível. Sim, os plásticos são rijos, mas todos os acabamentos além dos plásticos é de qualidade, e talvez mais importante, são plásticos rijos que vão durar uma vida.
Neste pequeno “Box”, quatro adultos viajam com conforto, com folga nas pernas e cabeça. Na loucura podemos até levar 5 adultos, desde que o quinto passageiro não seja muito alto… Ou gordinho. Não é perfeito, mas o facto de o piso ser plano ajuda muito a tornar o interior mais interessante e habitável.
Também não há portas USB atrás, o que é um bocado estranho nos tempos que correm. Em termos de espaço puro e duro, temos 326 litros na bagageira, que se estende até aos 945 litros com os bancos traseiros rebatidos.
Tecnologia? Sim. Mas tudo muito… Android de 2015.
A nível de tecnologia, temos um painel de instrumentos de 5 polegadas e um ecrã central tátil de 12,8” HD.
Ou seja, temos tecnologia, de facto tudo aquilo que podemos esperar encontrar num automóvel moderno. Mas a experiência de software é “mázinha”. Os menus são lentos, confusos, e por vezes até temos alguns soluços. Faz-me lembrar os velhos tempos dos tablets Android baratos, em que a coisa até funcionava, mas ninguém ia dormir feliz depois de ter utilizado um aparelho destes.
Depois temos os tiques asiáticos, como as vozes estranhas e mal traduzidas, ou sistemas de segurança só porque sim, como é o exemplo da câmara que está sempre atenta a si, mas que não é capaz de perceber que está de óculos de sol.
Nada disto é um “deal breaker”, especialmente nesta gama de preços. Mas, são pequenos detalhes que não encontra num automóvel europeu.
Como é a condução do Box?
Muito resumidamente… É porreira!
Só temos 95cv e 160Nm de binário. O que como dissemos em cima, significa que não vai ganhar nenhum Grande Prémio. Porém, continua a ser um automóvel 100% elétrico, e como tal, tem sempre aquele arranque fofinho que vai “papar” muitos outros condutores em sinais vermelhos.
No fundo, é um carro fácil de conduzir, com uma direção leve, e que é muito ágil ao ser capaz de fazer manobras, ou meter-se em sítios que normalmente acharia complicados. A suspensão também é confortável, ao ser muito competente em estradas mais complicadas.
Quanto à autonomia, quando peguei nele prometia 345 kms e não ficou muito longe disso. A média anda nos 10 kWh/100 kms, a andar normal, e como não há potência para muito mais, mesmo a fundo, não deverá fugir muito dos 300 kms de autonomia.
No lado do carregamento, vai até 6.6 kW em AC e 87.8 kW em DC, o que garante flexibilidade para quem carrega em casa e também para quem usa carregadores rápidos em viagem.
Conclusão: O Dongfeng Box é interessante!
O Dongfeng Box podia ser melhor em alguns detalhes, mas cumpre muito bem no essencial. É confortável, fácil de conduzir, bem equipado, espaçoso q.b., e acima de tudo, eficiente.
Não é um carro para impressionar ninguém. Nem tem de o ser. É um carro honesto, que vem para “abrir” a porta aos carros Made-in-China por parte de fabricantes ainda desconhecidas.