O novo “documentário” do Luís Franco Bastos sobre o mítico Tó Madeira é divertido, especialmente para pessoas como eu que iam sempre buscar o jogador, tem bom ritmo e até dá aquele toque de nostalgia a quem sempre viveu a febre do Championship Manager e Football Manager.
Mas, isto não é bem um doscumentário. É um mockumentary que tenta passar por real. E isto começa logo pelos “entrevistados”!
Documentário Tó Madeira? Giro, mas falso.
O “Tó Madeira” afinal é o modelo Pedro Adão da Models Factory.
Além disso, o “Almeno Madeira” corresponde a outro modelo com histórico na mesma agência. O “João Ferreira” é o modelo João da Cruz. O “agente Carlos Alves” é praticamente gémeo do ator António Godinho Gil. O “Colin”, supostamente um antigo colega de equipa internacional, é o ator Ben Jacobson. A “mulher do Colin” é a Phoebe Alice Ritchie, modelo e criadora de conteúdos.
E a lista não acaba aqui. Basta uma pequena busca para perceber que quase todas as “fontes” são profissionais da área da representação ou da moda. Tudo isto seria perfeito num mockumentary assumido. O problema é que o tom tenta sempre parecer real, quase documental, como se houvesse ali uma base histórica. Infelizmente, isso estraga um bocadinho a graça.
Há ainda incoerências estranhas, mas óbvias.
Por exemplo, o presidente do clube que num momento diz não reconhecer o Tó Madeira e, mais à frente, já sabe detalhes profundos sobre o alegado caso de doping.
A ideia do Luís Franco Bastos é boa e até dá para rir. Mas faltou aquele momento de piscadela de olho ao espectador. Fica sempre a sensação de que a intenção era mesmo enganar quem estivesse a ver, como se tudo tivesse acontecido exatamente assim.
Agora, o mais importante. A história verdadeira.
- Nota: Não é possível ter a certeza da história. Mas segundo o que se sabe, esta é a versão mais próxima da realidade.
O verdadeiro Tó Madeira chamava-se António Lopes.
Não era programador, não era atleta de alta competição, nem tinha uma vida secreta ou um passado obscuro. Era apenas um fã do jogo que colaborava com a produtora na construção da base de dados.
Ele vivia em Gouveia e tinha jogado nos infantis do clube da terra. Por isso, num toque de humor inocente, decidiu colocar-se a ele e a dois primos, os irmãos Paralta, na equipa do GD Gouveia com atributos absurdamente altos.
O que ele nunca imaginou foi que a brincadeira explodisse. Afinal de contas, o Tó Madeira tornou-se uma lenda global, que ainda hoje é bem conhecida. Algo que obrigou a produtora a lançar, meses depois, um patch para corrigir o erro e a terminar a colaboração com António. Isto sim é uma história curiosa, real e com impacto cultural.
- Nota: Um patch que na altura chegou a poucos, visto que ainda não era normal atualizar jogos só porque sim. Além disso, a pirataria estava num nível absurdo, e como tal, a versão partilhada era sempre a original.
Conclusão
O mockumentary podia ter usado isto como base para algo ainda melhor. O resultado final fica ali no meio: divertido, bem produzido, mas sem a coragem de assumir que é pura ficção.
Por fim, o legado do Tó Madeira continua real.
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