Durante anos, os portugueses tiveram praticamente três escolhas no mercado das telecomunicações: MEO, NOS e Vodafone. Estas operadoras dividiram entre si a fibra, os pacotes de TV e as ofertas móveis, quase sempre com preços semelhantes e fidelizações longas. Mas a chegada da DIGI veio abalar este equilíbrio. Com preços muito abaixo da média, ausência de fidelização obrigatória e uma rede em rápida expansão, a questão agora é inevitável: será que a DIGI em Portugal já é uma alternativa real às três grandes?
O que distingue a DIGI em Portugal
A grande arma da DIGI é simples: o preço. Os pacotes de fibra custam menos de metade do que estamos habituados a ver nas campanhas dos grandes operadores, e os planos móveis oferecem gigas generosos por valores que parecem de outra época. Esta política agressiva fez com que milhares de clientes começassem a olhar para a nova operadora como uma opção viável, sobretudo em tempos de forte pressão sobre os orçamentos familiares.
Outro fator diferenciador é a falta de fidelização obrigatória. Num país onde a regra são contratos de 24 meses, a DIGI posiciona-se de forma clara: quem quiser sair, pode sair. Isto quebra um dos pontos mais criticados pelos consumidores e aumenta a pressão sobre os concorrentes, que continuam a insistir em prender os clientes a longo prazo.
Além disso, a operadora está a apostar numa rede própria de fibra em várias zonas do país, evitando depender apenas de acordos com terceiros. Nos locais onde a cobertura já existe, a qualidade do serviço tem surpreendido positivamente, sobretudo na velocidade de internet fixa.
Onde a DIGI ainda não convence
Apesar dos avanços, há limitações claras. A cobertura continua a ser restrita: muitas regiões, sobretudo fora dos grandes centros urbanos, ainda não têm acesso à fibra da DIGI . Nesses casos, a operadora recorre a roaming nacional, o que garante serviço mas pode comprometer a estabilidade e a velocidade.
Outro ponto menos favorável é a oferta de conteúdos televisivos e extras. Enquanto MEO, NOS e Vodafone utilizam parcerias com plataformas como Netflix, Disney+ ou Amazon Prime para atrair clientes, a DIGI foca-se apenas no essencial: internet e telemóvel a baixo custo. Para quem valoriza pacotes de TV completos, com dezenas de canais premium, a diferença continua a ser significativa.
O serviço ao cliente também está em crescimento, mas não tem ainda a escala das grandes operadoras. Há relatos de experiências muito positivas, com simplicidade e rapidez, mas também queixas sobre burocracia e falta de estrutura em algumas situações.
É já uma alternativa real?
A resposta depende de onde vives e do que procuras. Para quem está numa zona coberta pela fibra da DIGI e não precisa de pacotes de TV recheados, a resposta é clara: sim, a DIGI já é uma alternativa real e, em muitos casos, superior em preço e transparência.
No entanto, para quem mora em zonas menos centrais ou valoriza extras como canais premium, pacotes com streaming incluído e uma rede já totalmente consolidada, a aposta na Digi ainda pode ser prematura.
O impacto no mercado
Independentemente da escolha de cada consumidor, a presença da DIGI já está a provocar mudanças. A pressão sobre os preços é evidente, e pela primeira vez em muito tempo, MEO, NOS e Vodafone veem-se obrigadas a justificar os seus valores e as condições de fidelização.
O futuro depende da velocidade com que a DIGI expande a sua rede própria. Se o ritmo se mantiver, não será apenas uma alternativa: poderá tornar-se no operador que quebra o monopólio prático das três grandes e redefine o mercado das telecomunicações em Portugal.
Em resumo: a DIGI já não é apenas “mais uma operadora low-cost”. É um verdadeiro desafio ao domínio dos gigantes. Ainda não serve para todos os perfis de clientes, mas o seu crescimento pode mudar definitivamente as regras do jogo.
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