Pagas tudo por débito direto? Isto pode devolver-te mais de 400€ por ano

Se pagas quase tudo por débito direto, há uma grande probabilidade de estares a mandar dinheiro embora todos os meses sem te aperceberes. Não porque o sistema seja mau, pelo contrário, evita esquecimentos, coimas e dramas com contas em atraso. O problema és tu em piloto automático. Ao longo dos anos vamos dizendo “sim” a serviços, extras, pacotes e subscrições. Alguns fazem sentido na altura: uma promoção da operadora, um seguro “baratinho”, um período de teste de um streaming, uma app que até parecia útil. Depois a vida avança, os hábitos mudam… mas o débito direto fica. Ninguém te liga a perguntar se ainda queres aquilo. O dinheiro simplesmente sai, mês após mês.

O choque de olhar para o extrato com olhos de ver

O primeiro passo da “auditoria anual” é brutalmente simples: escolher um mês normal e abrir o extrato da conta onde tens os débitos diretos. Nada de férias, nada de Natal, nada de despesas excecionais. Só o dia a dia.

Em vez de passares os olhos pelas linhas, pega num papel ou num ficheiro e começa a traduzir o extrato para linguagem humana: este débito é a operadora, aquele é o seguro da casa, aquele outro é o ginásio, ali está o streaming, mais à frente um seguro de cartão, uma app de armazenamento, um serviço qualquer que já nem te lembras porque existe. Ao lado de cada um, escreve o valor.

Depois faz a pergunta ingrata: “Se tivesse de contratar isto hoje outra vez, sabendo o que sei agora, voltava a fazê-lo?” Se a resposta for “não”, “talvez” ou “já nem sei bem para que serve”, acabaste de encontrar um candidato a corte.

Débito direto: os sugadores silenciosos do teu orçamento

Normalmente não são a renda ou a luz que te destroem o orçamento. São os sugadores silenciosos: pequenos valores que ninguém questiona. Um seguro extra aqui, um serviço “premium” ali, aquela mensalidade do ginásio onde já não metes os pés, a plataforma de streaming que fica sempre por ver, o pacote bancário cheio de “vantagens” que nunca utilizas.

Muita gente descobre, nesta fase, que está segurada três vezes para o mesmo risco: seguro do cartão, seguro do crédito, seguro da própria conta. Ou que continua a pagar serviços “oferta 3 meses” que nunca foram cancelados. Ou que tem três plataformas de streaming ativas para ver duas séries por mês. Tudo isto são furos invisíveis na conta.

Quando fazes as contas, dói

É aqui que a brincadeira deixa de ser teórica. Imagina que, na tua lista, tens três serviços que claramente podes cancelar: um streaming que quase não usas, um seguro estranho que o banco atirou para dentro do pacote, uma app premium que já não lembras porque ativaste. Somados, dão cerca de 28 ou 29 euros por mês. Junta-lhes dois serviços que até queres manter, mas que dá para renegociar com a operadora ou seguradora e onde cortas, por exemplo, 30% no valor. São mais uns bons euros poupados todos os meses.

De repente, sem fazer nenhum “sacrifício heróico”, estás a falar de cerca de 40 euros por mês libertos. Num ano, isso aproxima-se dos 500 euros. Meio milhar de euros que, até hoje, se evaporavam em débitos diretos automáticos.

Cancelar dá trabalho, mas é aí que está o dinheiro

A maior armadilha é pensar “um dia destes trato disto”. Esse dia nunca chega. Por isso, vale a pena assumir mesmo duas horas para a operação limpeza: sentar, abrir extratos, ligar, cancelar.

Começa pelo mais fácil: plataformas digitais e subscrições online costumam ter um botão de cancelamento nas definições. Depois avança para os casos que exigem telefonema ou email: seguros, ginásios, serviços extra da operadora. Ter o NIF, número de cliente e IBAN à mão ajuda a despachar a conversa. O truque é ser direto: “quero cancelar este serviço a partir de [data]”. Vão tentar empurrar-te para outros pacotes, descontos temporários, ofertas “imperdíveis”. Lembra-te de que cada “sim” é mais um débito a longo prazo.

Se, mesmo assim, algum débito não desaparece, fala com o banco. Em muitos homebankings já consegues bloquear débitos diretos por entidade ou definir limites. E guarda sempre provas do que fizeste: emails, números de pedido, prints do cancelamento. Se for preciso reclamar mais tarde, já tens tudo arquivado.

Se não deres um destino ao dinheiro, ele desaparece outra vez

Há um detalhe importante: cancelar não chega. Se deixares o dinheiro livre na conta, ele volta a evaporar-se em pequenos gastos que nem reparas. A jogada inteligente é transformar logo essa poupança num objetivo.

Assim que souberes quanto libertaste, cria uma transferência automática mensal com esse valor para outra conta: poupança, fundo de emergência, férias, reparação do carro, o que fizer mais sentido para ti. A lógica é simples: se esse dinheiro conseguia sair sem doer para pagar serviços inúteis, também consegue sair sem doer para trabalhar a teu favor.

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A ferver

Catarina Couto
Catarina Couto
Apaixonada por tecnologia desde que usou o primeiro Nokia com ecrã monocromático, começou a escrever sobre gadgets ainda nos tempos da faculdade. Cresceu entre fóruns, blogs e lançamentos de telemóveis e nunca mais largou o mundo digital. Adora testar novos dispositivos, descobrir truques escondidos nos smartphones e simplificar a tecnologia para quem a usa no dia a dia.

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