Hollywood adora mostrar buracos negros como portais misteriosos, túneis cósmicos ou máquinas de viagem no tempo. Mas a realidade científica é ainda mais estranha e assustadora. A pergunta é simples: o que aconteceria se um ser humano fosse apanhado por um buraco negro? A resposta não tem nada de bonito. Spoiler: não há regresso.
O ponto sem retorno
Primeiro, importa entender o que é um buraco negro. Assim trata-se de uma região do espaço com uma gravidade tão intensa que nada escapa, nem a luz. Existe uma linha invisível à volta dele chamada horizonte de eventos. É como uma fronteira: assim que a ultrapassas, já não há hipótese de regressar.
Se um humano se aproximasse, a gravidade esticaria o corpo de forma desigual: os pés (mais próximos) seriam puxados com mais força do que a cabeça (mais distante). A física tem até um nome para isto: espaguetificação. Sim, é tão grotesco como parece. O corpo seria esticado como um fio de massa até ser completamente desintegrado.
Uma morte lenta ou rápida?
Depende do tamanho do buraco negro.
Num buraco negro pequeno, a diferença de gravidade entre pés e cabeça seria tão brutal que a pessoa seria destruída antes mesmo de cruzar o horizonte de eventos.
Num buraco negro supermassivo (como o que está no centro da nossa galáxia), poderias até atravessar o horizonte sem sentir nada de imediato. Mas seria apenas uma questão de tempo até seres esmagado no centro, no ponto chamado singularidade, onde todas as leis da física que conhecemos não fazem sentido.
O que veriam os outros
Curiosamente, para quem estivesse a observar de fora, seria diferente. Assim à medida que te aproximavas do horizonte de eventos, pareceria que te estavas a mover cada vez mais devagar, como se estivesses em câmara lenta. Eventualmente, congelarias na borda, para sempre, nunca desaparecendo realmente. Mas isso é apenas uma ilusão criada pelo espaço-tempo. Na prática, já estarias destruído.
E se fosse uma nave?
Nem as máquinas escapam. Uma nave espacial ao atravessar essa fronteira também ficaria esmagada, comprimida e desfeita em átomos. O campo gravitacional torna-se tão extremo que nenhuma tecnologia atual (ou futura, segundo os cientistas) conseguiria resistir.
A ciência por trás do horror
Os buracos negros são o exemplo perfeito de como o espaço pode ser hostil. Formam-se quando estrelas gigantes colapsam sob o seu próprio peso. Assim a massa fica tão concentrada que cria um ponto de densidade infinita. A singularidade. Entretanto à volta, o espaço-tempo fica deformado como um lençol elástico em que alguém pousou uma bola de ferro. Só que, no caso do buraco negro, a bola é tão pesada que fura completamente o lençol.
O destino de um corpo humano exposto a um buraco negro torna-se inevitável: esticar, triturar e desintegrar até ao nada. Não há portal secreto, não há viagem no tempo. Apenas física dura e crua.
Mas há algo de fascinante nisto: os buracos negros não são apenas monstros cósmicos, também são laboratórios naturais que nos mostram os limites da ciência. Estudar o que acontece neles pode até ajudar a responder à maior pergunta de todas: como funciona realmente o Universo?
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