Comprei um relógio de 6900€ por 40€. É um mundo estranho!

Como é óbvio, o relógio que comprei é uma réplica. Ou seja, não é um relógio original, é uma simples imitação. Mas, se nem os especialistas notam, porque raio é que alguém paga 7000€ por um relógio? 

É uma questão muito interessante, porque as réplicas atuais estão demasiado boas. Longe vão os tempos dos relógios da feira a imitar peças tradicionais, que não enganavam ninguém.

Esta é uma realidade interessante, e sem dúvida assustadora.

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Portanto, com a guerra comercial entre os Estados Unidos e China a entrar em ebulição, a realidade é que as coisas mudaram, e ficou ainda mais banal a compra e venda de produtos “falsos” muito perto dos originais.

Foi exatamente por isso que, após algumas pesquisas no Reddit (RepTime), decidi comprar uma réplica do Omega Seamaster 300M por 40€.

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Ou seja, não foi numa ourivesaria, não foi numa loja física e, claro, não foi nenhum negócio de família passado de geração em geração. Foi uma réplica. Na realidade, uma super réplica, com um movimento mecânico automático, vidro de safira, e uma qualidade de construção e atenção ao detalhe capaz de impressionar qualquer pessoa.

Em suma, daquelas réplicas que nascem nas entranhas industriais da China e tentam, até ao mais ínfimo detalhe, imitar um modelo que custa… 6900€.

A ideia era simples: matar a curiosidade.

Adoro relógios. Inteligentes, menos inteligentes, não interessa. Dá horas e fica bem com a idumentária do dia-a-dia? Está perfeito. Dito isto, sempre gostei muito deste relógio da Omega, e como tal, decidi experimentar para ver se habituava à coisa.

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Mas, além de tudo isto, queria ver até onde é que as réplicas modernas conseguiam chegar.

Como é óbvio, após um negócio feito através de um chat no WhatsApp, estava completamente preparado para uma chinezice, com acabamentos de feira e um mostrador desalinhado. Mas o que recebi foi outra coisa.

Foi um relógio capaz de enganar 99% das pessoas que andam na rua a viver o seu dia-a-dia. Um relógio com peso, presença, detalhe e acabamento que, se o meteres no pulso, só alguém com conhecimento técnico e olho de relojoeiro te vai dizer que não é o “real deal”.

Mas sabe o que é mais incrível? Existem réplicas bem mais caras que esta. Algumas delas a atingir os 500€ ou 600€.

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E é aqui que começa o dilema!

A questão é simples, e vai criar alguma discussão com toda a certeza.

Se nem os especialistas conseguem perceber à primeira vista que o relógio é falso, porque haveria alguém de pagar 7000€ por um original? Porquê gastar milhares se o que se vê e o que se sente no pulso é quase igual?

É muito fácil dizer que vivemos num mundo em que o aspeto é rei. Ou seja, a esmagadora maioria dos compradores destes relógios de luxo não os escolhe pelos movimentos suíços ou pela tradição centenária da marca.

Escolhem-nos porque brilham! Ou melhor, porque são símbolos de estatuto e porque transmitem uma imagem “premium”. Assim, se a réplica faz tudo isso por 40€, o que estamos realmente a pagar nos restantes 6860€?

Aliás, mesmo que a durabilidade não seja a mesma, e como tal, o relógio deixe de funcionar passados 1, 2 ou 3 anos… A realidade é que tenho 6860€ em caixa para comprar outro igualzinho. Ou se quiser, comprar uma outra qualquer réplica, que até pode ser melhor que esta.

A indústria de luxo vive do branding.

Vive da ideia de exclusividade, do “Made in Switzerland” que brilha no mostrador. Mas cada vez mais surgem rumores de que até os grandes nomes produzem muitas das peças e componentes na China, sendo depois montadas e finalizadas na Europa para garantir o selo de origem.

Ou seja, muito do que diferencia o original da réplica está mais no marketing e no carimbo do que propriamente na engenharia.

É claro que os puristas vão argumentar que o movimento interno é diferente, que a durabilidade não tem comparação, que uma réplica nunca vai ter o valor e a história de um original.

Mas e se ninguém conseguir ver isso?

A verdade é desconfortável: muitas marcas de luxo são como castelos de areia. Têm base sólida no branding, mas desmoronam facilmente quando se começa a olhar para os detalhes reais. Se até os insiders da relojoaria admitem que certas réplicas já rivalizam com modelos de entrada de gama de marcas prestigiadas, talvez esteja na altura de questionar se a indústria não precisa de se reinventar. Ou, pelo menos, ser mais honesta.

No final do dia, um relógio marca horas. Agora, se queres que ele marque outras coisas, isso já é outra história.

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Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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