Esquece a gasolina! 5 combustíveis estranhos que podem mover o teu carro

Às vezes, as coisas surgem de uma certa maneira porque não há outra hipótese. A forma da asa de um avião, por exemplo, é ditada pela física. Mas outras vezes, seguimos um caminho quando poderíamos ter escolhido outro completamente diferente. O motor de combustão do teu carro é um exemplo perfeito disso. Hoje, assumimos como garantido que os carros bebem gasolina ou gasóleo refinado a partir do petróleo. Mas, na verdade, tudo o que precisas para fazer um motor funcionar é uma forma fiável de transformar combustível em energia. Num motor convencional, misturas gasolina com ar, causas umas pequenas explosões controladas e fazes os pistões mexerem-se. Mas há muitas combustíveis estranhos capazes de mover um pistão do teu carro.

Os combustíveis estranhos podem ser uma alternativa no futuro

Com as alterações climáticas a tornarem-se um problema sério, a indústria procura alternativas. Os carros elétricos (VE) estão a liderar a corrida, mas há cientistas e inventores a “cozinhar” combustíveis pouco convencionais para manter os motores de combustão na estrada. Aqui estão cinco dos mais estranhos e interessantes.

1. Algas Marinhas (Sargaço)

O Sargaço é uma alga invasora e problemática em partes do Oceano Atlântico. Cria tapetes gigantes que dão à costa nas Caraíbas ou no Golfo do México e, quando apodrece, liberta um cheiro horrível a ovos podres (sulfureto de hidrogénio).

Mas investigadores, incluindo uma equipa nos Barbados, encontraram uma utilidade para esta praga: combustível. Eles desenvolveram um método que mistura estas algas com estrume de quintas locais e águas residuais de destilarias num tanque de fermentação. As bactérias do estrume decompõem o sargaço e produzem biogás, que pode ser usado para alimentar um veículo. Basicamente, transformam um problema malcheiroso numa solução energética.

2. Azoto Líquido

Abe Hertzberg, um professor reformado da Universidade de Washington, argumentou que o azoto líquido é o combustível do futuro. Ele converteu uma carrinha de correio num veículo experimental chamado LN2000. Em vez de gasolina, usa azoto líquido num processo que é quase o inverso de uma máquina a vapor.

O azoto é mantido a temperaturas gélidas (cerca de -195 °C) em tanques isolados. Quando passa por tubos e aquece à temperatura ambiente, expande-se 700 vezes em relação ao seu volume original, movendo o motor. O único escape? Nitrogénio gasoso, que já compõe 78% da nossa atmosfera. Sem CO2, sem poluição mensurável na saída do escape.

3. Resíduos de Frango

Usar “fezes” de galinha como combustível tem uma história surpreendentemente longa. Já nos anos 70, estudantes converteram carros para funcionar a metano produzido pela decomposição do estrume de frango.

Hoje, os projetos são mais complexos e envolvem usar não só o estrume, mas penas, ossos e restos de processamento. Estes resíduos são colocados em digestores anaeróbicos, onde micróbios os transformam em gás metano. Embora seja uma ótima forma de lidar com os resíduos da indústria da carne, o metano continua a ser um gás com efeito de estufa, pelo que não é a opção mais “verde” da lista, mas é certamente engenhosa.

4. Resíduos Humanos

Sim, estamos a falar de esgotos. Diariamente, tratam-se milhares de milhões de litros de águas residuais. Usando um processo chamado liquefação hidrotérmica (HTL), é possível transformar excrementos humanos (ou qualquer outra biomassa húmida) em “biocrude” e, finalmente, em combustível líquido.

O processo submete os resíduos a alta pressão e calor (cerca de 350 °C). Em apenas 30 minutos, converte cerca de 60% do material inicial num biocombustível que funciona de forma semelhante ao petróleo. O Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico (PNNL) nos EUA sugere que estes reatores poderiam-se instalar nas próprias estações de tratamento, criando combustível localmente e reduzindo a necessidade de transporte de petróleo.

5. Café

O café move-te a ti todas as manhãs, por isso, porque não mover o teu carro? Em 2010, o inventor Martin Bacon conduziu um VW Scirocco modificado de Londres a Manchester usando borras de café. O carro aquecia as borras numa fogueira a carvão, libertando gás hidrogénio que, depois de arrefecido, alimentava o motor. Mais tarde, ele bateu um recorde de velocidade com uma pickup Ford, atingindo os 105 km/h.

Além desta abordagem “caseira”, investigadores da Universidade de Bath descobriram que as borras de café podem ser transformadas em biodiesel através de um processo químico (transesterificação), aproveitando o facto de as borras conterem até 20% de óleo por peso. Considerando a quantidade de café que bebemos, há muito combustível potencial nas nossas cafetarias favoritas.

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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