O impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho é um daqueles temas que gera logo pânico. Afinal… Haverá algum emprego que a IA não vai conseguir fazer? Vou ter de começar a treinar mais para conseguir carregar baldes de massa, ou tenho de começar a procurar um qualquer emprego na restauração?
Afinal, caso não se lembre, mal o ChatGPT chegou ao mercado, começaram logo os artigos a dizer que os humanos iam ser substituídos, que os empregos estavam em risco, que vinha aí uma revolução completa. Mas será que isso está mesmo a acontecer? Bom… não. Pelo menos por enquanto.
ChatGPT ainda não roubou o teu emprego. Calma lá!
Portanto, segundo um estudo recente das universidades de Chicago e Copenhaga, que analisou 25 mil trabalhadores em 7 mil locais de trabalho na Dinamarca durante 2023 e 2024, a IA como o ChatGPT ainda não teve um impacto significativo nos salários ou nas horas de trabalho.
Ou seja, apesar de muitos profissionais já estarem a usar este tipo de ferramentas no dia a dia, ainda não houve aquela vaga a sério de substituição de empregos que tantos previam.
Mais concretamente, os investigadores olharam para 11 profissões supostamente vulneráveis à IA, como contabilistas, jornalistas, professores, profissionais de marketing, advogados, entre outros. O que foi descoberto? Bem, mesmo com a adoção rápida de chatbots, não houve grandes ganhos económicos.
Na prática, e de forma muito interessante, muitos trabalhadores acabaram a ter mais trabalho, porque precisam de rever o que a IA faz, garantir que está certo, ou até lidar com novos desafios, como os professores a tentarem perceber se os alunos fizeram os trabalhos com a ajuda de IA.
Ganhos de produtividade? Mínimos.
Tem a sua piada, mas o estudo aponta para uma poupança de apenas 2,8% do tempo total de trabalho. Isto significa menos de duas horas por semana. Bem longe dos 15% anunciados noutros estudos mais otimistas, especialmente aqueles focados em áreas como apoio ao cliente, onde a IA é mais eficaz.
Claro que há limitações. Este estudo ainda não foi revisto por pares, e os dados são muito específicos à realidade dinamarquesa. Além disso, o mercado de IA de 2023 não tem nada a ver com o de 2024 ou 2025, onde os modelos ficaram bem mais poderosos.
Mesmo assim, as conclusões são interessantes: estamos numa fase intermédia.
Os trabalhadores ainda estão a tentar perceber como e quando usar a IA.
Portanto, para já, a grande revolução da IA ainda não aconteceu. Mas atenção, isto não significa que não venha a acontecer nos próximos anos, sobretudo quando as ferramentas ganharem mais capacidades autónomas, com os chamados “AI agents” a fazerem tarefas sozinhos, sem intervenção humana.
Resumindo: calma. Ainda tens emprego. Mas convém manter os olhos bem abertos para o que aí vem.
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