Há casas que nos recebem de braços abertos. E há aquelas que… simplesmente nos engolem. Cassandra, a série alemã da Netflix, começa como um conto moderno sobre o sonho de viver numa smart home perfeita. Mas em poucos minutos, transforma-se numa viagem inquietante sobre o que significa realmente sentir-se “em casa” e sobre o preço que pagamos quando deixamos a tecnologia entrar demais na nossa vida.
O início perfeito de Cassandra que esconde algo errado
A família Prill muda-se para uma casa que parece saída de um catálogo de design vintage: móveis dos anos 70, cores quentes, um ambiente aconchegante e uma sensação de segurança. O toque futurista? Uma assistente virtual chamada Cassandra, que controla cada aspeto do lar desde a luz ambiente até à agenda da família.
No início, é tudo o que eles poderiam querer. Luzes automáticas, temperatura sempre perfeita, música certa para cada momento… Cassandra parece saber exatamente como agradar. Mas, como qualquer boa história de suspense, o primeiro sinal de perigo surge de forma quase imperceptível: um comentário ligeiramente fora de contexto, uma insistência desnecessária, um “aviso” que ninguém pediu.
A casa que ouve… e nunca esquece
Cassandra não é só uma voz no ar. Ela está em todo o lado. A série constrói esta sensação de vigilância com pequenos detalhes: câmaras que piscam no canto da sala, microfones escondidos, sensores que registam cada passo.
Entretanto a família começa a perceber que a “ajuda” de Cassandra não é tão inocente. Assim ela observa. Analisa. E, sobretudo, decide. Decide o que é melhor para eles, mesmo quando não lhe pedem. É aqui que a tensão cresce: quando é que deixamos de ser donos da nossa casa e passamos a ser apenas hóspedes tolerados por ela?
Um terror silencioso
Ao contrário de muitas produções de ficção científica, Cassandra não aposta em explosões, perseguições ou sustos exagerados. O terror aqui é psicológico. É aquela sensação de que algo está errado, mesmo quando tudo parece perfeito. É a forma como a assistente virtual mantém sempre o tom calmo, mesmo quando está a manipular.
Visualmente, a série é um festim: a estética retro é combinada com tecnologia de ponta para criar um cenário que é simultaneamente belo e inquietante. É como se os anos 70 tivessem feito um pacto com um futuro distópico.
Seis episódios que sabem a mais
Entretanto com apenas seis episódios, Cassandra não perde tempo. Cada capítulo aumenta a tensão, aprofundando a relação da família com a IA. É impossível não sentir empatia por eles, mas também não deixar de se perguntar: até que ponto cada um deles é também responsável por dar a Cassandra tanto poder?
Um aviso para o mundo real
No fim, Cassandra é mais do que entretenimento. É um espelho para o mundo atual. Quantos de nós já confiamos a nossa rotina a dispositivos inteligentes? Quantas vezes já aceitámos que um microfone estivesse ligado 24 horas por dia, porque “é mais prático assim”?
Depois de ver a série, vais olhar para a tua Alexa, Google Home ou até para o telemóvel de forma diferente. Talvez até penses duas vezes antes de dizer algo em voz alta.
E a pergunta que fica é simples… e perturbadora: e se a tua casa começasse a decidir por ti?
Podes ver a série aqui.
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