O cartão refeição pode estar a pagar compras que não são tuas

Sabes aquele momento em que passas o cartão refeição, a fila está enorme, apitas o terminal, metes o PIN à pressa e vais à tua vida? Agora imagina que, no meio da confusão, acabaste de pagar mais do que a tua refeição. E só vais descobrir semanas depois, perdido no meio de talões amarfanhados e extratos que nunca ninguém consulta com atenção. O cartão refeição é ótimo para simplificar o dia a dia, mas também é um dos meios de pagamento onde mais se abusa da confiança e da distração.

Onde é que o dinheiro “desaparece”?

Há vários cenários em que o cartão refeição pode estar a pagar coisas que não tinhas no plano. Infelizmente só percebi isto com o tempo e quando comecei a olhar para as coisas com olhos de ver. É que na maioria das vezes como não eram valores grandes nem dava conta.

Consumir a mais no talão: pedes um menu, cobram-te dois. Uma sobremesa que não veio, uma bebida que não pediste, um “extra” que ficou no sistema.

Talão de outra pessoa passado no teu cartão: na confusão do almoço, alguém troca talões, o funcionário passa o que está mais à mão.

Reforços “por fora”: pagas a refeição… e alguém aproveita para acrescentar um café ou produto a seguir, antes de fechar o terminal.

Subscrições e débitos recorrentes em cantinas e refeitórios: pacotes mensais, “refeições pré-carregadas” que acabam por não ser usadas, mas foram todas debitadas.

Tudo isto parece pequeno. Mas multiplicado por semanas, meses e vários locais, tiras dinheiro a ti próprio sem dar por isso.

Porque é que quase ninguém repara?

Simples: o cartão refeição é visto como “dinheiro que não conta”. Infelizmente a verdade é essa. Não é o ordenado “a sério”, não é a conta onde tens a renda e as contas da casa.

Resultado:

  1. Quase ninguém entra no homebanking do cartão refeição.
  2. Os talões de almoço vão para o lixo em minutos.
  3. Muitos extratos nem são enviados ou ficam esquecidos no e-mail da empresa.

É o cenário perfeito para pequenos abusos passarem completamente ao lado.

terminal multibanco bolso

Como controlar se estás a pagar compras que não são tuas

Não precisas de virar contabilista dos almoços, mas podes criar um ritual simples:

Olhar 5 segundos para o valor no terminal antes de meter o PIN. Assim se estiver muito acima do que pediste, não metas o código “por reflexo”.

Conferir o talão na hora. Pelo menos quando o valor te soa estranho. Bebe, sobremesas, extras que nunca chegaram… pede para corrigir de imediato.

Entrar uma vez por mês na área online do cartão refeição. Ver todas as transações do mês.

Procurar valores repetidos ou consumos em locais onde não estiveste.

Se algo soar estranho, fala logo com o RH/empresa emissora.

Evitar emprestar o cartão refeição

“Olha, passa aí este almoço no teu cartão, depois dou-te em dinheiro.” Para além de não ser uma boa ideia fiscalmente, é pedir para perder o controlo.

E se já desconfias que pagaste a mais? Não assumes logo que é má-fé, mas também não deixes passar. Assim fala com o restaurante/cantina assim que reparares. Entretanto se for um consumo recente, muitos conseguem encontrar o talão no sistema e corrigir. Em casos repetidos, fala com a entidade emissora do cartão e guarda registos.

O cartão refeição é para pagar a tua comida, não a dos outros. Cinco minutos de atenção por mês podem significar muitas refeições “recuperadas” ao fim do ano.

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A ferver

Catarina Couto
Catarina Couto
Apaixonada por tecnologia desde que usou o primeiro Nokia com ecrã monocromático, começou a escrever sobre gadgets ainda nos tempos da faculdade. Cresceu entre fóruns, blogs e lançamentos de telemóveis e nunca mais largou o mundo digital. Adora testar novos dispositivos, descobrir truques escondidos nos smartphones e simplificar a tecnologia para quem a usa no dia a dia.

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