Durante anos, ligar o smartphone ao carro tornou-se algo quase obrigatório. Entravas, ligavas o cabo ou o Bluetooth, e tinhas logo mapas, música, mensagens e chamadas no ecrã. Simples, rápido e familiar.
Android Auto e Apple CarPlay passaram a ser argumentos de venda. Há quem não compre um carro, se este não tiver esta funcionalidade ativa.
Mas… Algo está a mudar. Cada vez mais marcas estão a repensar esta dependência do telemóvel. Aliás, apesar de ser uma decisão arriscada, algumas já começaram mesmo a cortar o Android Auto e o CarPlay.
Pois… não é por acaso.
O problema chama-se controlo… e dados!

A principal razão é simples, mesmo que não seja bonita.
Quando usas Android Auto ou Apple CarPlay, os dados passam pelo teu telefone. Localização, rotas, hábitos de uso, apps preferidas. Tudo isso fica do lado da Google e do fabricante do smartphone. Para as marcas automóveis, isso significa perder uma mina de ouro.
Assim, ao apostarem em sistemas próprios, os construtores passam a controlar tudo. O software, os dados, a experiência e, claro, as possíveis subscrições. Mapas premium, assistentes avançados, funcionalidades bloqueadas atrás de pagamentos mensais.
É aqui que o jogo muda.
Menos Google? Mais dinheiro dentro de casa
Algumas marcas já nem escondem esta estratégia. A General Motors, por exemplo, decidiu remover Android Auto e CarPlay dos seus elétricos mais recentes, apostando num sistema próprio com forte integração de inteligência artificial.
Ou seja, se o ecrã do carro é o novo “smartphone”, então a marca quer ser dona dessa plataforma. Não quer intermediários. Nem a Google, nem a Apple.
Há marcas que nunca quiseram saber
Curiosamente, isto não é totalmente novo.
A Tesla e a Rivian nunca apostaram a sério em Android Auto ou CarPlay. Preferiram sempre sistemas fechados, desenhados à medida do carro e profundamente integrados com o hardware.
No caso da Tesla, a lógica sempre foi simples. O carro é o ecossistema. Tudo passa pelo software próprio. Ainda assim, até a Tesla começou recentemente a dar sinais de alguma abertura ao CarPlay, o que mostra que a pressão dos utilizadores existe.
Há outras que andam pelo meio!
Marcas como a Renault, Volvo e Polestar, optaram por integrar Google Automotive. Ou seja, a experiência é Google, mas continuam a ter algum controlo naquilo que acontece dentro do carro. É juntar o útil ao agradável.
O problema é o utilizador não querer mudar

Aqui está o verdadeiro obstáculo. As pessoas já estão habituadas. Sabem onde está o Waze, o Spotify, o WhatsApp. Forçar alguém a reaprender tudo, só porque comprou um carro novo, não é tarefa fácil.
É por isso que algumas marcas, como a Ford, tentam jogar nos dois campos. Apostam em sistemas próprios, mas mantêm Android Auto e CarPlay como opção.
Além disso, continuam a existir soluções externas. Ecrãs aftermarket, dongles e adaptações que permitem usar Android Auto mesmo em carros que não o suportam de origem. Enquanto isso for possível, matar completamente estas plataformas vai ser difícil.
Isto vai mesmo acabar?
Acho MUITO difícil.
Mas, as marcas querem menos dependência de Google e Apple, mais controlo sobre a experiência e, acima de tudo, novas fontes de receita.
Aqui só há uma solução… Os sistemas próprios vão ter de ser muito superiores ao Android Auto e CarPlay. Achas isso possível? Eu não.
Por agora, o Android Auto ainda respira. Mas já ninguém o pode dar como garantido no carro seguinte.

