O MB WAY é prático, mas tornou-se o alvo preferencial dos burlões em Portugal, com esquemas que roubam milhões. Foste enganado, manipulado a dares códigos ou a ires ao Multibanco, e a tua conta ficou vazia? O pânico é real, mas a questão crucial é: De quem é a responsabilidade legal pelo prejuízo se foste burlado no MB Way? Do teu banco ou tua? A resposta está na lei e na diferença fundamental entre seres vítima de fraude e seres cúmplice por negligência.
Burlado no MB Way: o que diz a lei (e a grande surpresa)
Entretanto a base da tua defesa legal é a legislação europeia transposta para Portugal (a PSD2). Assim esta diretiva é clara, mas contém uma exceção que define a batalha entre ti e o teu banco.
A Regra Geral: O Banco Tem de Te Reembolsar
A lei estabelece que, se uma transação de pagamento for não autorizada, o teu banco (o Prestador de Serviços de Pagamento) é, por princípio, obrigado a reembolsar-te o valor.
O Prazo de Ouro do Reembolso
A maioria dos clientes não sabe disto, mas tens um direito fundamental:
O banco tem de te reembolsar o valor total da transação não autorizada até ao final do dia útil seguinte à data em que comunicaste a burla (ou tomaste conhecimento dela).
Este prazo apertado serve para te proteger e restaurar rapidamente a tua situação financeira.
A grande exceção: quando o banco pode recusar
A obrigação de reembolso do banco cai por terra se este provar fraude ou negligência grave da tua parte. Assim a batalha legal e o sucesso do teu caso dependem totalmente desta prova.
O Fio da Navalha: Burla vs. Negligência Grave
A definição de “negligência grave” é o ponto de discórdia. Assim o banco tentará argumentar que tu é que “entregaste” o dinheiro; tu tens de provar que foste vítima de uma manipulação sofisticada.
| Cenários de Reembolso Mais Certo (O Banco Assume) | Cenários de Reembolso Dificultado (Negligência Grave) |
| Vazamento de Dados no Sistema: Burla que não dependeu de ação tua (ex: skimming no Multibanco ou falha do sistema). | Partilha do PIN Secreto: Ter revelado o PIN do MB WAY ou a chave de confirmação de 6 dígitos a terceiros. |
| Erros Técnicos: Falhas de software ou sistemas de segurança do banco que permitiram a transação. | Ir ao Multibanco a Pedido: Seguir as instruções do burlão na caixa ATM para “ativar” ou “receber” dinheiro, o que é, na verdade, a autorização da fraude. |
| Falsificação Perfeita: Casos em que a burla (phishing ou smishing) é tão sofisticada que enganaria um utilizador médio. | Não Denunciar Imediatamente: Demorar dias a reportar a burla ao banco, permitindo que as transações continuem. |
ALERTA: Na maioria das burlas (ex: OLX, Olá Pai), o banco vai tentar provar que tu agiste com negligência grave ao dares o código ou ires ao Multibanco. Assim a chave é provar que foste alvo de manipulação psicológica para driblar as regras.
Guia de Ação Imediata: O Que Salva o Teu Dinheiro
Entretanto se foste vítima de uma burla, o tempo é o teu maior inimigo. O sucesso do teu reembolso depende de agires de forma rápida e documentada.
Passo 1: Bloqueio Imediato e Urgente
Liga de imediato para a linha de apoio do teu banco e/ou para a linha da SIBS/MB WAY.
- Pede o bloqueio imediato dos cartões e das aplicações associadas ao MB WAY.
- Regista a hora e o nome do operador.
Passo 2: Junta Todas as Provas
Qualquer prova documental é vital para provar a natureza da burla:
- Guarda todos os SMS, emails ou registos de chamadas feitas pelo burlão.
- Regista o número de telemóvel usado pelo burlão (vais precisar dele na queixa).
Passo 3: Apresenta Queixa na Polícia Judiciária (PJ)
A denúncia formal é um passo obrigatório para qualquer pedido de reembolso.
- Sem uma queixa formal, o banco terá sempre argumentos para negar o teu pedido.
- A PJ investiga o crime, o que reforça a tua posição de vítima.
Passo 4: Exige o Reembolso por Escrito
Comunica a burla ao teu banco por um meio rastreável (e-mail formal ou carta registada).
- Requisita formalmente o reembolso do valor das transações não autorizadas.
- Menciona a PSD2 e o prazo legal de D+1 (final do dia útil seguinte) para o reembolso provisório.
Entretanto não assumas a culpa e não aceites a primeira recusa do banco. Assim se o teu banco se recusar a reembolsar-te ou falhar o prazo de D+1:
Apresenta uma reclamação formal no Portal do Cliente Bancário do Banco de Portugal (BdP). O BdP é o árbitro final e pode exigir que o banco cumpra a lei e defenda os teus direitos como consumidor.
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