Um simples passeio numa tarde de sol podia ter acabado em tragédia. Um utilizador das redes sociais partilhou um relato que está a chocar muitas pessoas e a relançar o debate sobre os carros e motas com escapes alterados, o ruído nas cidades e a inércia total das autoridades. Isto porque o barulho de um carro quase matou uma pessoa. “Estava a passear com a minha mãe (…) o dia estava ótimo, mas a minha mãe tem problemas cardíacos e não aguenta grandes sustos. Do nada, passou um carro com o escape modificado a fazer um barulho ensurdecedor. Ela levou a mão ao peito e ficou branca. Tivemos de correr para o hospital.”
O relato, publicado no Reddit, já soma centenas de comentários de indignação.
O autor descreve o momento com uma raiva contida, mas compreensível:
“O stress e o choque do barulho fizeram a tensão dela disparar. Fomos a correr para o Hospital. Ver a minha mãe a lutar para respirar foi horrível. Felizmente a equipa médica foi incrível. Mas a raiva não passa. Parece um país de terceiro mundo.”
Um problema que está a sair do controlo
Quem vive em zonas urbanas conhece bem o som: motas a fazer acelerações às duas da manhã, carros com escapes a rebentar como bombas, rateres em avenidas e zonas residenciais. É um inferno sonoro que afeta crianças, idosos e pessoas com doenças cardíacas mas parece continuar impune.
Nos comentários ao post, a revolta é geral:
“Portugal tem um problema sério com a passividade das autoridades. Carros nestas condições deviam ser apreendidos no momento.”
“Motos são ainda piores. Há quem faça acelerações de propósito ao lado de esplanadas ou quando vê crianças a dormir no carro.”
Porque é que ninguém faz nada?
Apesar de ser ilegal circular com escapes modificados ou sem silenciador, as forças de segurança raramente conseguem atuar. Um utilizador contou que perguntou a um agente da PSP porque não multavam esses condutores, e a resposta foi surreal:
“Não podemos apreender sem comprovar com um medidor de decibéis. O único que temos está avariado há meses.”
Outro comentário esclarece:
“O medidor é barato, mas a calibração para ser válida em tribunal é cara. É assim que o problema se arrasta.”
O resultado?
Carros e motas barulhentos circulam livremente por todo o país sem qualquer controlo real.
Ruído que faz mal à saúde
Pode parecer apenas incómodo, mas o impacto do ruído extremo é muito mais grave do que se pensa. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a exposição prolongada a ruídos intensos está ligada a aumento da tensão arterial, problemas cardíacos e ansiedade.
Em cidades como Lisboa, Porto ou Braga, há zonas que ultrapassam os 70 decibéis constantes durante a noite. Ou seja, bem acima do limite legal de 55.
Especialistas alertam que o ruído urbano é hoje um dos maiores fatores de stress ambiental, logo a seguir à poluição atmosférica.
Um grito de revolta que fala por todos
Nos comentários ao post, há quem diga que já deixou de sair de casa à noite por causa do barulho. Pais de bebés contam que as crianças acordam em pânico cada vez que passa uma mota a “mandar estalos”. Outros recordam o ridículo de uma lei que é clara no papel, mas impossível de aplicar na prática.
“Não é permitido, mas faz-se. É proibido, mas pode-se. É o retrato do país.”
Quando o ruído se torna símbolo da impunidade
Mais do que uma simples história, este desabafo é o espelho de um país onde a falta de fiscalização se tornou rotina. E enquanto ninguém agir, os escapes vão continuar a rebentar ao lado de famílias, idosos e crianças até o dia em que, como neste caso, alguém quase morra por causa de um simples “show de barulho”.
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