Imagina isto: chegas ao aeroporto, o check-in automático não funciona, os painéis estão cheios de voos atrasados e a única solução é esperar horas numa fila interminável. Parece um pesadelo mas já aconteceu em Bruxelas, Berlim e Londres, quando um ataque informático paralisou os sistemas de check-in e embarque. No meio do caos, muitos passageiros ficam sem saber o que podem exigir às companhias aéreas. Mas a verdade é que a lei europeia protege-te e, em muitos casos, tens direito a compensações no caso de atrasos e cancelamentos nos aeroportos.
O regulamento que todos deviam conhecer
Pouca gente sabe o nome, mas devia: Regulamento (CE) n.º 261/2004. Este é o diploma europeu que garante direitos em caso de atrasos, cancelamentos e até recusas de embarque.
Ele aplica-se sempre que:
- O voo parte de um aeroporto situado na União Europeia.
- Ou chega a um destino europeu, se a companhia for da UE.
- Ou seja, praticamente todos os voos que envolvam países europeus estão abrangidos.
O que tens direito a receber
Mesmo que o aeroporto esteja em colapso tecnológico, os teus direitos continuam válidos. Eis o que podes exigir:
1. Assistência imediata
Refeições e bebidas adequadas ao tempo de espera. Também acesso a comunicações (chamadas ou email) para poderes avisar família ou trabalho.
2. Alojamento e transporte
Se o voo for adiado para o dia seguinte, a companhia deve pagar hotel e transfer de ida e volta.
3. Reembolso ou reencaminhamento
Em caso de cancelamento, podes escolher entre receber o dinheiro de volta ou aceitar outro voo para o destino.
4. Compensação financeira
Dependendo da distância do voo e do atraso à chegada:
- 250 € para voos até 1500 km.
- 400 € para voos dentro da UE acima de 1500 km, e entre 1500 e 3500 km fora da UE.
- 600 € para voos superiores a 3500 km.
A exceção: “circunstâncias extraordinárias”
Aqui está o truque que muitas companhias usam: se provarem que o atraso ou cancelamento se deveu a situações fora do seu controlo (como tempestades, greves de controladores aéreos ou riscos de segurança), não são obrigadas a pagar compensação.
Mas um detalhe importante: falhas tecnológicas e ataques cibernéticos já foram discutidos em tribunal, e em alguns casos os juízes consideraram que as companhias tinham de pagar. Ou seja, não aceites logo um “não” como resposta.
Como reclamar sem perder tempo
Guarda cartão de embarque, recibos e comprovativos de todas as despesas.
Contacta diretamente a companhia aérea, de preferência por escrito.
Se não obtiveres resposta ou te recusarem os direitos, podes recorrer à ANAC (Autoridade Nacional da Aviação Civil) em Portugal ou à entidade competente no país do voo.
Hoje já existem plataformas e apps que tratam de todo o processo em troca de uma comissão. Para quem não quer dores de cabeça, pode ser a forma mais simples de recuperar dinheiro.
Os sistemas podem falhar, os aeroportos podem parar, mas os teus direitos não desaparecem. O Regulamento europeu está do teu lado e pode significar refeições, noites de hotel, reembolsos e até centenas de euros de compensação.
Precisamos dos nossos leitores. Segue a Leak no Google Notícias e no MSN Portugal. Temos uma nova comunidade no WhatsApp à tua espera. Podes também receber as notícias do teu e-mail. Carrega aqui para te registares É grátis!