No final de novembro começam sempre a cair as bombas nos grupos de WhatsApp: “Pessoal, este ano fazemos amigo secreto?” Metade responde com corações, árvores de Natal e gifs do Grinch. A outra metade entra em modo pânico: “lá vou eu gastar dinheiro em alguém que nem sei se gosta de café ou de chá”. A verdade é que o amigo secreto é tipo aquelas comédias românticas da Netflix: pode ser muito bom… ou muito mau. Raramente fica pelo meio.
De um lado, tens a versão bonita da coisa
Em vez de andares a comprar dez presentes desenrascados, concentras-te num só, teoricamente mais pensado. Entretanto para famílias grandes ou grupos de amigos, ajuda mesmo a cortar na despesa. E há aquele momento mágico em que toda a gente está à volta da mesa, a tentar adivinhar quem ofereceu o quê, alguém abre uma prenda parva e o grupo inteiro se desmancha a rir. Assim quando funciona, o amigo secreto é isso: memórias, piadas internas e fotos ridículas para veres daqui a cinco anos.
Do outro lado, tens a versão “pesadelo social”
Ficas encarregado de comprar prenda para o colega que só conheces de o ver ao fundo do open space. O limite são 5 ou 10 euros, que em 2025 dá para… uma caneca com uma frase cringe e pouco mais. Passas uma tarde no centro comercial a pensar “esta pessoa parece de vela aromática ou de garrafa de vinho barato?” e sais de lá com a sensação de que gastaste dinheiro em algo que nem tu querias.
Depois ainda há a parte da culpa ecológica: toneladas de tralha que ninguém usa, plástico embrulhado em mais plástico, coisas que acabam no fundo de uma gaveta até, um dia, aparecerem magicamente à venda no OLX ou Vinted. Tudo em nome de uma tradição que, muitas vezes, ninguém tem coragem de dizer em voz alta: “malta, isto já não faz sentido nenhum”.
Mas então, cancela-se o amigo secreto?
Nem 8 nem 80. Assim em vez de matar a tradição, talvez seja altura de a atualizar.
Duas ou três regras simples mudam tudo: combinar um valor que faça sentido para o grupo (nem miséria, nem falência), pedir a cada pessoa que escreva três ideias de coisas que gostava de receber (nem que seja “meias fixes, chocolate escuro, livro de X”) e, sobretudo, deixar claro que quem não quiser participar… não participa. Sem dramas, sem olhares de lado.
Outra alternativa gira é virar o jogo: amigo secreto só com coisas feitas em casa ou experiências. Bolachas, compotas, um voucher de “tomar conta das crianças durante uma noite”, um jantar cozinhado, uma tarde a ver filmes. Sai mais barato, é mais pessoal e tem muito mais piada do que outra caneca a dizer “Melhor colega de sempre”.
No fim, a pergunta não é “amigo secreto: boa ou péssima ideia?”. A pergunta é: o vosso amigo secreto está a criar boas memórias ou só mais stress, lixo e dinheiro mal gasto?
Se for a segunda opção, talvez o melhor presente de Natal deste ano seja ter coragem de mandar no grupo: “Malta, eu adoro-vos… mas este ano o meu amigo secreto sou eu.”
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