Uma nova investigação liderada por cientistas da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, sugere que os fatores de risco e biomarcadores associados à doença de Alzheimer podem influenciar a função cognitiva logo na juventude. O estudo detetou ligações significativas entre o desempenho cognitivo e estes fatores em pessoas entre os 24 e os 44 anos. Assim destaca a importância de estratégias de prevenção desde a juventude.
Alzheimer pode dar sinais logo na juventude e nem sabíamos!
Publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas, este é o primeiro estudo de grande escala a analisar de forma sistemática fatores de risco e marcadores biológicos de declínio cognitivo numa população adulta jovem e saudável.
O que diz o estudo?
A equipa analisou dados do National Longitudinal Study of Adolescent to Adult Health (Add Health), que acompanha desde os anos 90 uma amostra representativa da população americana. Em particular, os dados das fases IV e V do estudo incluíram mais de 11 mil participantes com idades entre os 24 e os 44 anos.
Foram realizadas entrevistas presenciais, testes cognitivos, exames físicos e recolha de amostras de sangue. No total, 4507 participantes forneceram amostras biológicas e 1112 realizaram testes de memória e concentração. A pontuação obtida nestes testes foi comparada com o índice CAIDE. Na prática mede o risco cardiovascular e genético de desenvolver demência. Isto tendo em conta fatores como a idade, pressão arterial, colesterol, atividade física, índice de massa corporal e presença do gene APOE ε4.
Descobertas importantes — e precoces
A equipa verificou que fatores cardiovasculares e marcadores imunológicos já influenciam a função cognitiva em adultos jovens. Isto mesmo antes dos 50 anos. Em particular, os biomarcadores conhecidos como ATN (amiloide, tau e neurodegeneração) — tradicionalmente usados para prever Alzheimer em idosos — mostraram associações com a cognição ainda na casa dos 30 anos.
Surpreendentemente, o gene APOE ε4, conhecido como um dos maiores fatores de risco genéticos para Alzheimer, não demonstrou efeitos significativos nesta faixa etária. Isto sugere que o seu impacto pode surgir mais tarde na vida.
Prevenção começa cedo
O estudo conclui que até 63% dos casos de paragem cardíaca súbita e declínio cognitivo podem-se evitar com mudanças no estilo de vida — incluindo alimentação equilibrada, atividade física, controlo da pressão arterial e manutenção de um peso saudável. Estas estratégias não servem apenas para prevenir problemas cardíacos, mas também para preservar a função cerebral a longo prazo.
Com a prevalência do Alzheimer a aumentar a nível mundial, estas descobertas sublinham a necessidade de atuar precocemente. Ou seja, muito antes da velhice. Tudo para reduzir o risco de demência nas décadas futuras.
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